terça-feira, dezembro 26, 2006
Amizades...
quinta-feira, dezembro 21, 2006
No final de um dia cansado...
É como se fosse um fragmento do meu Porto. Nos últimos dias as saudades têm sido mais do que muitas. E café de ontem, numa das melhores companhias de sempre, no fim de um dia cansado e carregado de emoções, num lugar que me leva de volta, ainda que por breves instantes, ao “meu outro lugar”, não poderia ter-me feito melhor.
Depois do café uma caminhada pelas ruas da minha cidade. Vi a famosa Árvore de Natal (era uma vergonha estar ali tão perto e não a ter visto, ainda).
Quando (já nada é intacto)
qualquer coisa me vira do avesso
e desfaz cada certeza do meu mundo"
[Quando (já nada é intacto)]
[M.V.]
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Adoro-te...
Queria tanto poder curar as tuas feridas e fazer-te sorrir como só tu sabes...
Adoro-te...
Nunca te esqueças, nem duvides, disso...
sábado, dezembro 16, 2006
Um Ano Depois...
Faz hoje um ano que começava a tomar consciência de que tinha perdido um amigo...
Faz hoje um ano que os vi chegar...
Faz hoje um ano que nos sentamos na mesma mesa para ter uma conversa séria...
Faz hoje um ano que a primeira pergunta levantou o véu da mentira...
Faz hoje um ano que as palavras me feriram e me fizeram perder quase por completo a confiança nos “outros”...
Faz hoje um ano que a verdade foi revelada fazendo cair as mentiras em catadupa...
Faz hoje um ano que me foi dada a razão que eu preferia não ter tido...
Faz hoje um ano que fui incapaz de verter uma lágrima sequer, enquanto por dentro um pranto incontrolável me lavava a alma...
Faz hoje um ano que mais uma “amizade” se desfez, como se de um castelo de areia destruído pelas ondas do mar se tratasse...
Faz hoje um ano que terminou aquela que entrou para a minha história como umas das piores semanas da minha vida...
Faz hoje um ano e os porquês das mentiras ainda se passeiam na minha mente...
Faz hoje um ano e, por vezes, ainda dói...
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Para Ti...
A história da tua vida
Escrita, sentida, tatuada na pele
Quem lá escreveu
Com a tua permissão
Nem sequer, nem sequer percebeu
E perdeu a folha pele
Por entre as mãos"
("Pele", Polo Norte)
Enquanto conduzia a caminho de casa passou esta música no rádio.
Lembrei-me de ti.
O meu dia hoje não foi bom e parecia nunca mais acabar.
Ver o teu comentário ao meu último post fez-me ficar ainda mais triste do que já estava...
PORQUÊ???
quarta-feira, dezembro 06, 2006
Idiotice do dia!!!
terça-feira, dezembro 05, 2006
Momento menos bom...
sexta-feira, dezembro 01, 2006
"Escolhas" (VI)
“Precisamos de conversar, Marta.”, disseste tu quando chegámos cá a casa naquela noite, e a expressão do teu rosto mudou radicalmente. Gelei. Mas nunca imaginei o teor da conversa que se seguiria. “Senta-te, por favor.”, pediste-me com cuidado. Sentei-me a medo, não estava a perceber nada. Parece que ainda estou a ouvir as tuas palavras, repetidas vezes sem conta, como se tivessem ficado gravadas no disco rígido das minhas lembranças. O teu tom de voz mais grave e pausado do que era costume fizeram-me ficar presa ao sofá. Não me lembro muito bem das palavras que saíram da tua boca, mas o essencial, a realidade para a qual me empurraste, entranhou-se em mim e ficou tatuado na minha alma. Aconteceu tudo tão depressa.
Nunca havia tido coragem para te perguntar como tinha sido a tua vida durante o tempo que passou desde que te pedi para ir embora até ao dia em que voltamos a encontrar-nos. Sempre achei que não tinha esse direito. Mas se tivesse perguntado talvez me tivesse poupado a esta realidade que me assombra e que me devastou como se um punhal me trespassasse o peito. A verdade é que nunca fui, verdadeiramente, traída. Não estávamos juntos por culpa minha e a vida tinha de continuar. Ainda assim não consigo deixar de me sentir traída, magoada, destruída. Afinal a “amiga” do André não era “amiga” dele. Afinal o filho que ela vai ter é teu e não dele. Afinal a vida pregou-nos uma partida que nos levou para longe de nós, mais uma vez, pela última vez. Disseste-me que não tinhas a certeza se o filho dela era mesmo teu, ou não e que querias confirmar a paternidade assim que a criança nascesse. Disseste que era comigo que querias ficar para o resto da vida, e que se realmente o filho fosse teu íamos saber adaptar-nos a essa nova realidade. Mas tudo não passaram de meras palavras. Não fui, nem sou, capaz de lidar com isso. A verdade é só uma: vais ter um filho com outra mulher. Todas as verdades envolventes e que consubstanciam a realidade em que isso aconteceu são, para mim, secundárias. Estou a ser intransigente? Estou a ser inflexível? Sim, se calhar estou mesmo. Até porque os teus argumentos são os mais válidos possíveis. Sim, é verdade que não estávamos juntos porque eu te tinha mandado embora e que tinhas de seguir com a tua vida. Mas não sou capaz.
Acabei por te voltar a pedir que saísses da minha vida. E ver-te sair pela porta outra vez fez-me sentir que o meu mundo tinha ficado mais triste e mais pequeno. Custou-me muito, mas sei que fiz a coisa certa. O teu lugar é ao lado do teu filho. Porque se fores mesmo o Pai daquela criança, como eu acredito que sejas, sei que nunca te irias perdoar por não acompanhar o seu desenvolvimento e o seu nascimento. Está a custar-me horrores. E custa-me mais ainda quando penso que esse filho deveria ser “o nosso filho”, e não o teu filho com outra mulher. Mas o destino resolveu que não seria assim.
E desta vez a vida tem mesmo de continuar. Digo-te, mais uma vez, “Adeus” na esperança de conseguir arrancar-te de mim. Mas está a ser tão difícil...”
Nota: Depois de duas semanas de interrupção, volto hoje a publicar a estória "Escolhas". A partir da próxima semana retomarei as publicações desta estória às terças.
sábado, novembro 25, 2006
As palavras, os silêncios, as partilhas e Nós...
Olhaste para mim e sem que eu dissesse uma palavra disseste-me que não estava bem. Sorri-te. “Começa a falar”, disseste-me tu. E eu falei. Disse muito, e calei outro tanto. Os silêncios partilhados. Os silêncios ensurdecedores das nossas almas e dos nossos sentimentos, que dizem e mostram tanto. Calei-me e voltei a falar. Falei do que quero, do que não quero, da corda bamba, das incertezas, do que nem sequer sei falar.
Olhaste-me com um ar enigmático e fizeste a pergunta que me fez tremer: “Onde é que está a Maria do Gustavo? A Maria de há três anos atrás?”. Respondi-te que estava guardada num recanto qualquer de mim. Cresci e mudei, e aquela Maria transformou-se no que sou hoje. Se o que sou é bom, ou mau, se me agrada, ou não, ainda estou a descobrir. Até agora o balanço é positivo. Daqui para a frente logo se vê.
Guardei na memória cada uma das tuas palavras. Sei que tens razão em muitas delas, em quase todas, diria mesmo. Sei que há riscos que não quero correr. Sabes como sou. Somos parecidas demais. “Somos tão parecidas que até chateia!”, dizes tu. E talvez seja por isso que não preciso de escrever muito mais sobre aqueles assuntos, tal como não precisei de dizer, para que percebas bem o que quero significar. E é por isso que te digo que não vou deixar, não vou dar espaço. O passado, ainda que recente, vai continuar a sê-lo. E o futuro será o que tiver de ser.
Adorei ver-te assim, tão calma, tão serena, tão feliz. Somos o que a vida tem feito de nós. E sinto-me muito feliz por presenciar o que ela te dá. Porque acredito que os bons são sempre recompensados. E estou certa que o momento que vives é apenas uma das muitas recompensas que a vida tem guardadas para ti.
Hoje, depois de muito pensar, tenho certeza do que não quero. Tudo o resto se resume à “certeza das incertezas” que me envolvem.
Se ao menos a Borboleta e a Andorinha ainda fossem capazes de voltar a voar...
domingo, novembro 19, 2006
Olhos nos olhos...
terça-feira, novembro 14, 2006
Do outro lado da rua...
segunda-feira, novembro 13, 2006
Verdades
sábado, novembro 11, 2006
A Catarina chegou!!!
É através destes seres frágeis e delicados que a vida se renova e ganha um sentido reforçado!
Espero que a vida te sorria sempre e que conserves em ti, quando fores mais crescida, a felicidade dos meninos pequeninos!
Bem vinda ao mundo, minha Querida!
quinta-feira, novembro 09, 2006
Desafio das Manias
Regulamento: "Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue."
Primeira mania muito pessoal: Escrever. Escrevo muito e guardo quase tudo o que escrevo. Tenho imensos cadernos cheios de momentos, sonhos, alegrias, tristezas, sorrisos, gargalhadas, frases soltas, poemas, estórias, muita história, etc. Isto para não falar das folhas soltas, dos pedaços de papel de guardanapo, entre outros, onde as palavras transbordam de sentido e significado. Escrevo muito e guardo tudo. Dou muito valor às palavras e cada uma delas é para mim como um tesouro. Além das palavras escritas em papel, tive, além deste, um outro blog que foi o meu refúgio e a minha partilha durante dois anos e meio. Enfim, adoro escrever!!!
Segunda mania muito pessoal: Música. Sou completamente viciada em música e ouço-a de acordo com o estado de espírito. Quando me apaixono por uma música ou por um álbum ouço-os vezes sem conta, sem nunca me cansar. Não me restrinjo a um só tipo de música. Ouço desde música portuguesa, da qual destaco, obviamente, Mafalda Veiga, Rui Veloso e Jorge Palma. Passo pela música clássica e pelo rock (especialmente o dos anos 80),, e perco-me, reencontrando-me tempos depois, no jazz. A música faz parte do que sou.
Terceira mania muito pessoal: Cantar. Ou melhor, trautear. Cantar cantava antes, quando tinha 15/16 anos e me juntava com um grupo de amigos no campo de jogos da secundária e passávamos tardes inteiras a conversar e a cantar, a cantar e a conversar. O Miguel levava a guitarra e cantávamos todos juntos. Hoje é mais trautear as músicas que naquele dia me passeiam na cabeça. E isto acontece todos os dias. Passo muito tempo nisto... Às vezes nem já eu me posso ouvir!!!
Quarta mania muito pessoal: Ter as unhas sempre arranjadas e pintadas. Adoro ver as minhas unhas arranjadas e pintadas. Sempre que o verniz começa a lascar lá vou eu tirá-lo e pintá-las outra vez. Limo-as pelo menos duas vezes por semana, e troco o verniz com a mesma frequência. Quando as pinto com cores mais escuras (especialmente no Inverno), pinto-as com mais frequência (três vezes por semana) porque o verniz escuro lasca com mais facilidade e eu DETESTO ver falhas no verniz. Quando ando com as unhas menos bem arranjadas ou ando mesmo com falta de tempo ou alguma coisa não está bem.
Quinta mania muito pessoal: Cachecóis e encharpes. Adoro estes acessórios tão quentinhos e úteis. No Inverno é raro o dia em que não coloco um cachecol ou uma encharpe. Tenho-os num número significativo e em diversas cores. Manias... ;-)
E agora depois de responder ao desafio do Pedro, é a minha vez de desafiar 5 pessoas.
And the winners are:
1 – M.zinha do Histórias;
2 – K8tye do If you only knew;
3 – Inês do No Rasto do Sol;
4 – Magda do Sexo e Cantina;
5 – Álvaro do The Why Incision.
E os avisos nos respectivos blogs seguem já a seguir... ;-)
terça-feira, novembro 07, 2006
"Escolhas" (V)
Estava a sentir-me tão bem em ter-te ali, como já não sentia há muito tempo, que nem me dei conta da insistência do telemóvel em tocar. Quando, finalmente, olhei para o irritante objecto que tocava e vibrava freneticamente na mesa-de-cabeceira e percebi que era trabalho, estive a ponto de não atender, mas não podia fazê-lo. E, meio contrariada, lá atendi a chamada. Foi um telefonema rápido, mas não o suficiente para não conseguires surpreender-me. Quando desliguei já tocava aquela música. “Lembras-te?”, perguntaste-me com um sorriso malandro e os olhos a brilhar. Claro que me lembrava. Foi o primeiro disco que me ofereceste! Recordo-me de o termos ouvido a noite inteira, repetido vezes sem conta. Um disco de duetos. Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, duas vozes que amo de paixão e que se completam numa sonoridade capaz de me fazer voar. Colocaste a tocar aquela música, a “nossa música”, que tocava quando nos beijamos pela primeira vez - “Love is here to stay”. Abracei-te a cantaste-me baixinho ao ouvido, em tom de sussurro “Its very clear, our love is here to stay, not for a year, but forever and a day” e eu descansei a cabeça no teu ombro, sentindo que desta vez nada nem ninguém poderia separar-nos. Mergulhei ainda mais no teu abraço e senti-me plena. Dançamos ainda um bom tempo assim, abraçados e juntinhos, como se fossemos um só. E foi assim, unidos como se fossemos um só que acabámos por adormecer.
O dia seguinte amanheceu chuvoso. A chuva e o vento que fustigavam a janela, aliados ao aroma a café acabadinho de fazer e a torradas quentinhas, foram o meu despertador natural. Ouvi-te trautear uma música qualquer que não consegui identificar e voltei a mergulhar nos lençóis. “Vai valer a pena!”, sussurrei de mim para mim.
A inauguração do teu restaurante é já no fim-de-semana. O início da realização do teu sonho. Espero que saia tudo como esperas. Estás tão feliz e tão nervoso..."
sábado, novembro 04, 2006
Gosto Muito de Ti!!!
Sei bem que estas coisas levam o seu tempo. Sei, ainda melhor, que há feridas que levam tempo demais a sarar. Também sei que por vezes procuramos uma cura milagrosa para essas mesmas feridas. Mas as feridas levam o seu tempo a cicatrizar, e não há cura milagrosa que acelere o processo de cicatrização. As tuas feridas estão saradas e os teus fantasmas exorcizados para sempre.
O passado não se repete, minha Querida, e não tens de ter medo de nada. A vida, mais cedo ou mais tarde, acaba por recompensar os puros de alma e bons de coração. Tu és uma dessas pessoas cuja recompensa não tardará. E eu vou estar aqui para celebrar contigo, e por ti, a felicidade, seja qual for a forma através da qual a vida resolva presentear-te. Até lá só me resta acreditar que tenho razão (porque eu sei que tenho!!!) e mostrar-te que Gosto Muito de Ti, mesmo com esse teu mau feitio, essa tua rabugice e essa tua arreliante “virtude” de chegar SEMPRE atrasada ;-) !!!
Segura a minha mão e não tenhas medo. Agora é a minha vez de não te deixar desistir...
terça-feira, outubro 31, 2006
"Escolhas" (IV)
Quero que penses bem. Sei que depois do que aconteceu com a tua Avó Madalena te agarraste ainda mais ao que sentimos um pelo outro, como se eu me fosse embora outra vez. Mas não quero que seja esse o motivo que te leve a aceitar o que te proponho. Quero que venhas viver cá para casa outra vez, sim. Pensei muito nisso. É o que quero, porque o que sinto por ti é maior do que alguma vez julguei ser capaz de sentir. Não vou pressionar-te para que tomes uma decisão. Sabes bem que seria incapaz de o fazer. Só te peço que penses com carinho no que te proponho.
Fecho os olhos e tento serenar a mente. Estou agitada, ansiosa e cheia de medo. Sim, também eu tenho medo. Mas não vou deixar que ele me tolde os sentidos. Vou saber esperar por ti, pelas tuas respostas, pelas tuas seguranças, pela tua chegada. Vou ser paciente. A decisão é muito importante e vai provocar novas alterações nas nossas vidas, mais desta vez do que da outra.
A inauguração do teu restaurante está quase a chegar. É já no próximo fim-de-semana. Sei que essa é mais uma das tuas grandes preocupações. Está tudo pronto, mas sei que estás mais nervoso do que uma criança que vai pela primeira vez à escola. Talvez tenha escolhido o momento menos próprio para te pedir que tomasses uma decisão destas, mas sei que se não o tivesse feito agora iria acabar por perder a coragem. E acredita que se foi difícil arranjar coragem para te dizer tudo aquilo, ainda mais difícil foi aguentar os segundos que se seguiram. O teu semblante carregado, sério e impenetrável fez-me tremer da cabeça aos pés. Acho que naquele momento senti medo como já não sentia há muito tempo. “Sabes aquilo que me estás a perguntar? Tens certeza de que é isso mesmo que queres Marta? Não podes voltar a fazer-me entrar no teu mundo para no momento seguinte me mandares embora outra vez!”. Gelei! Tinhas todas as razões do mundo para me falar daquela maneira. Mas, apesar de ter consciência disso, não consegui deixar de me sentir magoada e triste. Disse-te que sim, que sabia bem o que queria, que desta vez era diferente. E esperei que acreditasses em mim e nas minhas verdades. Não fiz nem posso fazer-te juras de amor eterno. Conheces-me bem demais para saberes que sou incapaz de o fazer. Apenas posso estender-te a mão, trazer-te para perto de mim, aninhar-me em ti, tentar conquistar-te um pouco mais a cada dia que passa e deixar-me amar por ti. Sim, porque já não tenho medo que me ames...
Olho constantemente para o telemóvel e para o telefone que insistem em não tocar. Aguardo notícias tuas, mas parece que ainda não é hoje que me vais dar uma resposta. O tempo está a passar e eu começo a ficar impaciente. “Tens de aprender a saber esperar Marta!”, dizes-me tu tantas vezes. Só que eu não sei esperar, e com tanta espera já estou a desesperar. Desta vez vou ser forte e conseguir. Vou mostrar-te que sou capaz de esperar por uma decisão. O ditado diz que “Quem espera sempre alcança”, e eu quero acreditar que assim seja. Mas começo a sentir-me muito pequenina nesta casa.”
quarta-feira, outubro 25, 2006
Encontro com o passado
Alexandre O’neill
Andei a tarde inteira a pensar nesta frase. Vi, mais uma vez, o filme destes últimos três anos. E, pela primeira vez, senti uma paz que julgava não existir.
Fazia pouco tempo que não olhava o passado nos olhos, mas já fazia algum que não lhe falava. Da última vez olhou-me com um tão ar sério e impenetrável que percebi que já não o conhecia. Aquele era ele, o meu passado, e eu era apenas uma estranha. Confesso que na altura mexeu comigo, fez-me pensar e chegou mesmo a deixar-me triste. Mas hoje, como por magia, foi diferente. E a paz tomou conta de mim.
Em conversa com uma amiga falei-lhe do meu encontro com o passado, dos sorrisos impessoais e das palavras cordiais e educadas. Como não poderia deixar de ser ela fez os comentários de que eu estava à espera. Já os ouvi tantas vezes que fui capaz de antecipar cada palavra. Mas não respondi como costumava responder. Sorri-lhe e limitei-me a dizer: “A vida acontece e muda, e nós mudamos com ela!”.
Agora, aqui sentada a escrever, recordo o momento e percebo o seu verdadeiro significado. Hoje tive a certeza absoluta, daquelas que raramente tenho, de que, desta vez, acabou definitivamente. Lembro que olhei para ele e o achei com um ar mais carregado, mais velho, mais cansado. Há dois meses, quando nos encontramos por acaso e tivemos aquela conversa, não me lembro de o ter visto desta maneira.
Nunca pensei que depois de ter gostado tanto dele seria capaz de o olhar e não sentir nada, nem sequer um frio na barriga. O tempo das borboletas no estômago já se perdeu há muito, e as mãos já não ficam frias nem o coração dispara quando o vejo ao longe.
Já passaram dois anos desde que o sonho se quebrou e eu me fechei a sentir de verdade. Hoje percebi que tenho de deixar a vida acontecer. Não posso continuar, eternamente, a mandar embora quem quer chegar a mim. Vai ser difícil, eu sei, mas estou cansada desta vida segura e sem grandes riscos. Estou cansada da minha racionalidade. Como diria a Vi: “Antes de deixares alguém entrar já estás a arranjar motivos para mandar essa pessoa embora.”. Ela tem razão, eu sei que tem.
“A vida, é para ser vivida. Mas se não for, é mais segura...”
E eu quero viver...
terça-feira, outubro 24, 2006
"Escolhas" (III)
Não queria acreditar quando me ligaste e contaste o que tinha acontecido. Sei o quanto amavas a tua Avó. A Avó Madalena que me adoptou como neta no dia em que me conheceu. Ainda hoje me lembro das palavras dela, naquela chuvosa tarde de Janeiro “Vou ter bisnetos lindos!”. Recordo-me de ter ficado um pouco corada. Aquela senhora de 83 anos a dizer-me uma coisa daquelas deixou-me tímida. Quando te pedi que saísses da minha vida ela ficou triste, mas disse-me que sabia que iríamos ficar juntos. Não sei se ela tinha razão, ou não, mas pelo menos estamos a tentar que isso seja realidade. Mas hoje custou-me muito sentir a dor na tua voz, vê-la nos teus olhos. Nunca pensei ver-te chorar nos meus braços daquela maneira. Sei que custa, que dói, que não é justo. Senti-me impotente. A única coisa que pude fazer foi abraçar-te e fazer-te sentir que não estavas sozinho. “Ainda bem que estás comigo Marta!”.
Agora, aqui sentada na minha cama, percebo que não fazia sentido não estar contigo. O jantar de sexta-feira correu muito bem. Mais uma vez surpreendeste-me. Muitas haviam sido as vezes em que me tinhas falado do teu sonho, mas outras tantas também tinham sido aquelas em que afirmavas a tua falta de coragem para o fazer. “Largar o consultório para me dedicar a um restaurante é loucura, mas é aquilo que eu adorava fazer.”, dizias tantas vezes. Sempre te dei força, mas faltava-te qualquer coisa. Acho que no fundo procuravas encontrar uma forma de conciliar as duas coisas. “Percebi que tinha mesmo de o fazer quando te perdi! Não podia arriscar deixar escapar outro sonho, como aconteceu contigo!”, disseste com os olhos presos à Lua reflectida no mar. E foi naquele momento que percebi que talvez não fosse tarde para nós. Senti a tua mão na minha e prendi os meus olhos nos teus. Esses olhos cor de mel, tão doces como sempre, mais doces do que nunca. Senti a brisa marinha no rosto e deixei que a vida acontecesse ali, naquele instante decisivo. E hoje, quase uma semana depois, percebi que ela tinha mesmo acontecido. Foi para mim que correste quando a vida te feriu e arrancou uma parte de ti. Embalei-te nos meus braços e fiz-te sentir seguro. Era um menino pequenino. O mesmo menino pequenino que se sentava ao colo da Avó Madalena enquanto ela lhe contava histórias. Mas a Avó Madalena já não estava ali, e o menino estava perdido. Encontraste refúgio nos meus braços e isso aproximou-nos ainda mais. Talvez a Avó Madalena tivesse razão. Talvez fiquemos mesmo juntos. Quem sabe? Mas depois de tudo o que aconteceu é isso que mais desejo. A ver vamos se sou capaz de não me sentir de novo presa e sufocada pelos teus sentimentos. Acredita que não quero que isso volte a acontecer.
Mas no meio da tristeza aconteceu uma coisa boa: finalmente o Francisco e a Eduarda vão ter um bebé. O Martim vem aí. Sim, porque a Eduarda diz que tem a certeza de que vai ser um menino!
Sei que ficaste feliz, apesar da tristeza que te tomou a alma. Um bebé vai fazer-nos bem a todos. Vai ser a lufada de ar fresco de que todos precisamos para voltar a sorrir.”
domingo, outubro 22, 2006
Deixo o aroma adocicado do chá envolver-me e inebriar-me os sentidos. A música suave que escuto embala-me e, a pouco e pouco, sinto a minha mente esvaziar-se.
Amanhã é outro dia. E espero que o tempo esteja melhor. Porque esta chuva e este vento, desta vez, deixaram-me triste, o que não é nada habitual.
quinta-feira, outubro 19, 2006
terça-feira, outubro 17, 2006
"Escolhas" (II)
Já não te via há tanto tempo. Sem que eu me desse conta, passaram-se quase seis meses desde aquela noite em que te pedi que saísses da minha casa e, consequentemente, da minha vida. E ontem, no fim de um dia que não poderia ter corrido pior, voltei a encontrar-te e a ver-te sorrir para mim. Perguntaste-me se tinha tempo para um café e, sem pensar duas vezes, disse que sim. As palavras fluíram como a água que brota de uma nascente. Era como se nada daquilo tivesse acontecido. Percebi e tive medo. Dei comigo a pensar no que poderia ter acontecido nestes seis meses de distância. E de um modo quase infantil remexi-me na cadeira, e coloquei a mão e posição “pensativa” como gostavas de lhe chamar. Dizias que sempre que estava a pensar colocava a mão naquela posição. Foi involuntário, mas percebeste. “Pergunta lá! Há qualquer coisa que queres saber, não há?”, disseste com uma naturalidade assustadora. Ainda me conheces tão bem. Não perguntei, é óbvio que não perguntei. Que direito tinha eu de te perguntar o que quer que fosse? Afinal fui eu quem te pediu para saíres.
A conversa continuou e, a pouco e pouco, senti-me mergulhar nos teus olhos cor de mel. Quando me dei conta já tinham passado quase duas horas e eu tinha de ir embora. Ainda tinha de ir a casa tomar banho e trocar de roupa, e não podia atrasar-me para o jantar de aniversário do Francisco. “Então, até logo!”, disseste com um sorriso nos lábios. Como é que eu me podia ter esquecido. Tu és o melhor amigo do meu irmão. Era mais do que certo que estarias presente no seu jantar de aniversário. “Até logo!”, respondi-te de fugida, e virei costas para vir embora.
Quando cheguei a casa sentia-me cansada. Pensava na noite que se avizinhava, e que julgava poder ser menos boa. Tomei um banho quente, quase a escaldar. Como se a água quase a ferver fosse capaz de fazer com que eu deixasse de pensar em ti, naquelas quase duas horas em que me perdi nos teus olhos e no teu sorriso. Saí do banho e olhei para a roupa que de manhã tinha escolhido para vestir à noite. Achei que naõ devia vestir aquilo. Troquei de roupa inúmeras vezes, até que me decidi. Estava simples e discreta. Não queria dar nas vistas.
Ao chegar a casa do Francisco vi que o único lugar de estacionamento vago era mesmo ao lado do teu carro. Estacionei e toquei à campainha. A Eduarda abriu a porta com um sorriso de orelha a orelha e sem sequer me dar tempo para dizer olá encarregou-se de dizer-me que já lá estavas. Entrei e os meus olhos procuram imediatamente os teus. Sorriste-me, e senti-me corar. Ficamos sentados em lados opostos da mesa. Muitas foram as vezes que senti os teus olhos pousados em mim. Muitas foram as vezes que, furtivamente, procurei o teu rosto, o teu sorriso, o teu olhar. Não sabia se devia continuar a procurar-te entre tanta gente que ali estava, ou se havia de fugir. Não sabia o que sentir.
Como tenho andado cheia de trabalho dei a desculpa de estar cansada para me vir embora mais cedo. Quando ia a sair vi-te pegar no casaco e despedires-te do Francisco e da Eduarda. Saí sem esperar por ti. Quando estava quase a chegar ao carro senti o teu passo apressado e parei. Olhei para trás e o mundo quase parou. Não deixei que pronunciasses uma só palavra e, num impulso, beijei-te. Quando percebi o que estava a fazer tentei parar, mas o meu corpo não obedecia à minha mente, e aquele abraço tornou-se mais apertado. O abraço foi começando a perder força e afastamo-nos. Acompanhaste-me até ao carro, até perceberes que estava mesmo ao lado do teu. Não me despedi. Entrei no carro e arranquei sem sequer olhar para trás.
Ao chegar a casa reparei que a luz do atendedor de chamadas piscava. Senti que era a tua voz que ia escutar na gravação e ouvi: “Não voltes a fugir de mim, Marta! Hoje percebi que ainda és muito importante para mim. E sinto que percebeste que também sou muito importante para ti. Não nos vamos perder outra vez, por favor. Dorme bem. Beijos!”. Escutar as tuas palavras fez rolar uma lágrima dos meus olhos. Fiquei sem saber o que fazer. Pensei em ligar-te naquele momento, mas senti que já chegava de impulsos naquela noite.
Deitei-me e demorei a adormecer. Não me saías do pensamento. Talvez até tenha sonhado contigo. Não sei, não me recordo.
O dia hoje foi alucinante. À hora do almoço recebi uma chamada tua: “Queres jantar logo à noite?”. “Quero!”, respondi-te de imediato. “Passo em tua casa às 21h para te ir buscar. Quero mostrar-te um lugar novo. Até logo. Beijos!”. E assim ficamos combinados.
Já são quase 21hs e deves estar mesmo a chegar.”
segunda-feira, outubro 16, 2006
Doce saudade
quinta-feira, outubro 12, 2006
De prever o que aí vem, ou não.
Em contas de mais ou menos
Não somos iguais.”
(Susana Félix)
A vontade de mandar tudo para o espaço está mais controlada, pelo menos por enquanto. Depois do impacto do confronto inicial, as coisas começam, ainda que num ritmo lento, a acalmar.
Hoje, logo pela manhã, ouvi esta música. O resto da música nada tem a ver com a situação, mas esta estrofe reflecte bem o momento.
A letra é bem clara – “Não somos iguais” – e talvez seja por isso que algumas coisas me atemorizam... Os próximos tempos serão decisivos...
terça-feira, outubro 10, 2006
"Escolhas"(I)
“Ainda me recordo da primeira vez que nos vimos… Não foi nada romântico… Ficaste arreliadíssimo por eu ter entornado café por cima de ti, no meio da galeria…
Eras amigo do meu irmão Francisco, mas nunca te tinha conhecido… Quando ele nos apresentou fiquei expectante quanto à tua reacção… Estavas tão furioso que nem te apercebeste que eu era eu… “Afonso, esta é a Marta, a minha irmã mais nova!”… “Finalmente conheço a famosa Marta!”, disseste num primeiro momento para, no momento seguinte, fazeres cara de mau… “A menina é uma desastrada!”… Foi a minha vez de ficar furiosa com o tom arrogante e pretensioso com o qual proferiste tais palavras, e acabei por despejar o que restava de café, na minha chávena, por cima da tua gravata… Virei costas e saí…
Qual não foi o meu espanto quando, no dia seguinte, recebo em casa uma caixa de “Blue Rose”, nada mais nada menos que os meus bombons favoritos, acompanhados de um cartão que apenas dizia “Desculpe. Afonso”… “O Francisco”, pensei eu… Liguei-lhe e ele confirmou-me que lhe tinhas perguntado como te poderias desculpar pelo modo como tinhas falado comigo… Desliguei o telefone e fiquei sentada em cima da cama a olhar para a caixa e para o cartão… Qual não foi o meu espanto quando reparei que havia algo mais escrito no cartão – o teu número de telemóvel… Sorri… Coloquei o cartão em cima da mesa de cabeceira e fui tomar banho… Saí para o trabalho e nessa noite fui jantar a casa dos meus pais… O Francisco também lá estava… Contei-lhe sobre o conteúdo do cartão e ele riu-se… “Telefona-lhe!”… Prático como sempre…
Só voltei a olhar para o tal cartão dois dias depois… Liguei-te… Demoraste uns segundos a associar o nome à pessoa, mas a tua reacção foi engraçada: “Suponho que estou perdoado!”… Combinamos um café… Depois outro, e outro, e ainda outro…
Ao fim de três meses éramos, oficialmente, namorados… Aconteceu tudo muito rápido e passado pouco tempo vieste morar cá para casa… Acho que no dia em que te mudaste teve início o fim… Foi uma revolução na minha vida… De um momento para o outro tinha outra pessoa dentro da minha casa, a partilhar o meu espaço, a minha vida…No início foi muito bom… Mas eu não estava preparada, e tu nunca percebeste isso… E o desfecho foi o inevitável, pelo menos para mim…
Hoje, de cada vez que olho para as estantes tenho a falsa ilusão de que ainda estás aqui… Os teus livros, entre os meus, dão a sensação de uma presença irreal… Não levaste nada que te pudesse fazer recordar-me… E assim ficaram os livros que gostavas de ler-me, como se eu fosse uma menina pequenina, e os CD’s que compramos juntos, mais os que te ofereci e, ainda, os que me ensinaste a gostar… Livros que não voltei a folhear… CD’s que não voltaram a tocar… E as cartas… Aquelas que me escrevias quando me sentias mais distante e que julgavas que me levariam, de novo, para perto de ti… Nunca percebeste que algo tinha mudado… E por isso não foste capaz de acreditar que eu não tivesse outra pessoa quando te pedi para sair… Não conseguiste aceitar que eu quisesse, simplesmente, ficar sozinha… Não vês que não precisava de ter alguém para não querer ficar contigo??? Não conseguiste perceber que eu é que tinha mudado… “Os sentimentos mudam!”, disse-te na esperança de te fazer entender… “Gosto muito de ti, mas preciso de estar sozinha!”… Mas foram só palavras vãs… Não queria magoar-te, mas não podia continuar a sentir-me assim… “Não passas de uma menina mimada que quis brincar aos crescidos!”, disseste antes de saíres batendo com a porta… Foste embora e eu fiquei aqui… Sozinha, como queria ficar…
Sei que tens falado com o Francisco… Ele, até hoje, não conseguiu entender a minha decisão… Continua a dizer-me que cometi o maior erro da minha vida… Não quero pensar se ele tem razão, ou não… Mas na altura não poderia ter sido de outra maneira…
Um dia destes telefono-te… Há coisas que tenho de te dizer… Agora que já estás convencido de que não há outra pessoa na minha vida, pode ser que seja mais fácil para ti entenderes as minhas razões… O problema não eras tu… O problema era eu… Até porque ainda gosto muito de ti…”
sexta-feira, outubro 06, 2006
"Marley & Eu"
John Gorgan
Enquanto lia este livro fui acometida de diversas emoções. Algumas vezes desenharam-se sorrisos no meu rosto, outras libertei umas boas gargalhadas, daquelas de fazer quem me rodeava olhar para mim com ar desconfiado, outras ainda fui incapaz de controlar umas quantas lágrimas rebeldes que insistiram em fugir dos meus olhos.
Um livro cheio de amor e emoção. Um livro escrito pelo coração de alguém que amou o seu cão de um modo incondicional. Aconselho-o a todos os que gostam de ler e a todos os que gostam de animais.
Demorei mais tempo do que é costume, em mim, a ler um livro. Mas valeu a pena cada minuto empreendido na leitura deste. “Marley & Eu” foi, sem dúvida alguma, um dos melhores presentes de aniversário que recebi este ano!
Muito obrigada! ;-)
segunda-feira, outubro 02, 2006
Há dias assim...
Hoje opto pelo silêncio do meu quarto. Estou num daqueles dias em que só me apetece esconder-me do mundo e aninhar-me num abraço fechado, daqueles que nos confortam a alma e nos fazem sentir que vai ficar tudo bem.
O céu cinzento e carregado, e a chuva que lá fora fustiga as janelas, fazem-me desejar ainda mais o silêncio e a quietude do meu quarto.
Não, não existe qualquer razão relevante para estar nesta neura. Simplesmente, há dias assim...
sexta-feira, setembro 29, 2006
Conversas e Pensamentos
Mais uma vez leu-me a alma e percebeu-me os silêncios. E quando foi cada uma para seu lado senti-me mais leve e serena. Sorri sozinha, de mim para mim.
A vida tem o condão de nos tirar umas coisas e compensar com outras, fazendo o mesmo com as pessoas. Há aquelas que saem das nossas vidas deixando espaço para que outras entrem. Enquanto me dirigia para o escritório pensava nisto mesmo. Pensei nas pessoas que deixando de ter um papel principal nas nossas vidas insistem em não deixar-nos ir, mantendo-nos prisioneiros do tempo que passou. Pensei nas pessoas que, embora saindo das nossas vidas, insistimos em não deixar sair. Pensei nas pessoas que, neste entra e sai indefinido e interminável, ficam à porta das nossas vidas e acabam por desistir de tentar entrar. Uma vez, uma outra amiga, mais velha e bem mais sábia do que eu, disse-me que ao não deixar ninguém entrar na minha vida estava a proteger-me das pessoas más e, ao mesmo tempo, a não permitir que as boas se chegassem a mim. A razão contida nas palavras dessa amiga sempre me assustou. Mas hoje, depois da conversa com a Conchinha, aquelas palavras fizeram mais sentido do que nunca. Percebi que, finalmente, abri a porta deixando sair o que já não fazia sentido continuar aqui, e nem sequer me dei conta disso.
Ao chegar ao escritório o telemóvel deu sinal de mensagem. Ao lê-la deparei-me com palavras que me massajaram o coração: “Minha querida, gostei imenso do nosso cafezinho e adorei ver-te! Estás com óptimo aspecto!!! Espero que a vida te continue a fazer bem, tu mereces! ;) Beijo grande”.
Também adorei ver-te minha querida Conchinha. Gosto mesmo muito de ti!!!
quinta-feira, setembro 28, 2006
domingo, setembro 24, 2006
Não são só os meus olhos
No fim do dia sentia-me como o tempo: cinzenta e tristonha. Mas poucas palavras serviram para me fazer sorrir: “Mas tu tens uns olhos a cores. Acho que vês coisas boas na maioria das coisas.”. Sorri! Mas acredito mesmo no que lhe disse... Não são só os meus olhos!
Muito obrigada, minha querida! São palavras como estas que me abraçam a alma e me aquecem o coração.
quarta-feira, setembro 20, 2006
Já cheira a Outono!
Já cheira a Outono. E já vou pisando as folhas secas que começam a deixar as árvores desnudas.
Já cheira a Outono! E eu estou a adorar!
terça-feira, setembro 19, 2006
Palavras
Aproveito para colocar algumas ideias em ordem e reflectir sobre alguns acontecimentos recentes. Com a cabeça a fervilhar de ideias, tenho sido incapaz de escrever. As palavras parecem-me sempre tão pouco significativas para o tanto que quero deitar cá para fora. São as coisas novas que tenho aprendido no estágio; é o mundo do direito que agora sim começa a tomar forma real e me faz acreditar, a pouco e pouco, e depois dos receios “pré-estágio”, que fiz a escolha certa; são as sensações de paz e liberdade que me dominam enquanto conduzo; enfim, uma imensidão de realidades que queria ser capaz de transpor em palavras escritas, mas que não consigo.
Antes, quando as minhas palavras fluíam sem que eu, muitas vezes, me desse conta, era muito fácil escrever. E a minha escrita era partilha, entrega. Hoje, um pouco mais reservada e cautelosa no que respeita às palavras do que era então, escrever transformou-se num exercício de maior ponderação e reflexão. Ainda assim, escrever continua a ser a minha terapia de eleição. A maneira mais eficaz de colocar para fora tudo o que me mói por dentro, tudo o que não me deixa sossegar e , também, tudo o que me deixa feliz.
Às vezes, as palavras surgem do nada, fluindo no papel de modo simples e claro, outras ficam retidas dentro de mim, como se estivessem presas por alguma rede invisível que não lhes permite libertarem-se. Hoje as palavras tomaram alguma forma, mas não reflectem tudo o que queria escrever. Deve ser do tempo que teima em não passar. Escrevi e, ainda assim, mesmo perdida nas palavras, passou menos de uma hora.
(hora:16h46min)
quinta-feira, setembro 14, 2006
Iguais
Sim, iguais, equitativos, análogos, idênticos, pares...
Não entende???
Um dia destes, meu querido, explico-lhe com muita calma e paciência. E sei que vai entender-me. Porque, por mais que diga que não, somos iguais!
quarta-feira, setembro 13, 2006
domingo, setembro 10, 2006
"Não Passou"
“Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.
Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A mão – a tua mão, nossas mãos –
rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos?
Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realmente.
É tudo ilusão de ter passado.”
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
A verdade contida nas palavras que me foram ditas assusta-me. Por vezes tomamos decisões, e escolhemos caminhos, racionalizando tudo, até mesmo aquilo que seria impensável racionalizar. Será mesmo esse o caminho mais correcto???
“Sabes que não passou, e que só vai passar no dia em que resolveres sair do teu casúlo...”. Será que ela está certa? Será que sou mesmo assim, como ela me adjectivou? Tenho receio de que aquelas palavras tenham mais razão do que seria esperado...
sexta-feira, setembro 01, 2006
Novo caminho
Tenho medo, sim. Mas vou de peito aberto, com a certeza de que darei o melhor de mim, como dou sempre em relação a tudo aquilo que gosto. É tempo de erguer a cabeça e não deixar que os obstáculos que encontrarei no caminho me façam desistir.
Cheguei aqui porque sempre tive a fidelidade a mim mesma como princípio norteador. A meio do caminho senti-me perdida e com vontade de voltar a fugir. Não o fiz, e hoje tenho certeza de que se o tivesse feito me arrependeria para o resto da vida. Aprendi que a melhor solução para algumas situações é a pior para outras.
Já só faltam três dias para o início desta nova aventura e, apesar dos medos, estou muito feliz!!!
domingo, agosto 27, 2006
sexta-feira, agosto 25, 2006
"Para cá da superfície"
Sentia, antes de o encontrar, que tal, um dia, poderia acontecer. Mas as tentativas já haviam sido tantas que a esperança de deixar de estar mergulhada naquela realidade já quase se tinha desvanecido. Encontrá-lo, inesperadamente, no meio de tanta gente que nem coragem tinha para levantar os olhos do chão, fê-la sentir que talvez existisse mesmo esse impulso sobre-humano que a levaria a ver o Sol e sentir o seu calor na pele, de novo.
Antes de ela aparecer julgava que estava condenado a ficar prisioneiro da sua própria escolha. Anos antes tinha decidido fechar-se ao mundo e tornar-se num estranho entre os estranho que o rodeavam, mais um daqueles cobardes que andavam de cabeça baixa como se carregassem um peso demasiado grande nas costas para caminharem direitos e de olhos postos no horizonte. Encontrá-la, por um daqueles acasos que acontecem uma vez na vida, fê-lo perceber que o mundo ainda podia ser um lugar feliz e que o destino era muito mais do que aquilo que um dia tinha vivido."
(Continua)
quarta-feira, agosto 23, 2006
Porto Seguro
Tenho saudades de voltar a respirar aquela cidade. Vontade de redescobrir aqueles lugares, tantos anos depois. Vontade de reinventar cada rua e cada recanto. Vontade de voltar a conhecer o lugar onde já fui feliz.
Tenho saudades. Muitas. Quero voltar ao meu Porto seguro. Mas ainda não é desta vez...
terça-feira, agosto 22, 2006
Início
"O Lume"
Dos nós e laços que o mundo faz
Vai abraçando desenleado
De outros abraços que a vida dá
Vai-te encontrando na água e no lume
Na terra quente até perder
O medo, o medo levanta muros
E ergue bandeiras pra nos deter
Não percas tempo,
O tempo corre
Só quando dói é devagar
E dá-te ao vento
Como um veleiro
Solto no mais alto mar
Liberta o grito que trazes dentro
E a coragem e o amor
Mesmo que seja só um momento
Mesmo que traga alguma dor
Só isso faz brilhar o lume
Que hás-de levar até ao fim
E esse lume já ninguém pode
Nunca apagar dentro de ti
Não percas tempo
O tempo corre
Só quando dói é devagar
E dá-te ao vento
Como um veleiro
Solto no mais alto mar”
(Mafalda Veiga)