domingo, maio 13, 2007

Reflexóes

Fecho os olhos e deixo-me levar pelo som da música que escolhi ter por companhia nesta noite em que o sono teima em não chegar. As vozes destes dois homens, cada uma à sua maneira, têm o poder de me aquecer a alma e confortar o coração. E a verdade é que nos últimos tempos ambos, alma e coração, têm andado perdidos e vazios.

Os últimos meses foram intensamente tristes. Existiram alguns momentos de felicidade, não nego. Mas os momentos de tristeza foram tão fortes que a felicidade dos outros se mostra mitigada à luz das recordações.

Entrei num mundo diferente disposta a dar o meu melhor para a realização de um sonho. O sonho encontra-se, agora, transformado em pesadelo, a vontade de largar tudo é incomensurável, e eu não sei até quando terei força para aguentar a pressão que, neste momento, lhe é inerente. É como se, a qualquer momento, o sonho pudesse ruir como um castelo de cartas. Só que o castelo de cartas não é o sonho, sou eu. A analogia é fraca, bem sei, mas é apenas o reflexo das forças que começam a escassear em quem a faz.

Apaixonei-me e provei o sabor amargo da desilusão. Os erros que cometi foram imensos, e o maior deles foi mesmo esse: ter-me apaixonado. Não posso dizer que perdi o que quer que seja por duas ordens de razões: a primeira é simples e qualquer um pode concordar comigo – não perdi nada porque estas coisas dos sentimentos não são um jogo em que se perde ou ganha; a segunda é mais complicada de entender para quem está de fora, mas, ainda assim, é relevante e verdadeira – não pode perder-se o que nunca se teve, e eu não posso dizer que perdi alguém que nunca foi meu.

Limpei bem as feridas deixadas por aquele sentimento, e as que ele reabriu. Depois deixei-as ao ar, para ver se cicatrizavam mais depressa. Ainda estou a perceber qual a evolução da cicatrização de umas e outras. Uma coisa é certa, já não doem. Talvez seja bom sinal. Todavia, só daqui a uns tempos vou ser capaz de ter o discernimento necessário para fazer essa avaliação, e para perceber se as reminiscências deste sentimento que em mim ficarão tatuadas me permitirão sentir daquela forma, outra vez. Eu quero acreditar que sim, mas nem sempre querer é poder...

Entretanto, e enquanto vou tentando perceber se dentro de mim ainda há força para continuar, a vida resolve ir-me pregando algumas partidas que me fazem pensar, reviver, recordar, ter vontade de seguir em frente, e perceber que se calhar ainda não é já. A vida troca-nos as voltas quando menos esperamos e isso deixa-nos confusos e perdidos. São os reencontros com o passado que já não me fazem tremer, mas que servem para me recordar aquilo que de mais belo já existiu em mim. São os caminhos incertos e as esperas angustiantes que me mostram que, afinal, não sou de ferro e que, também, tenho os meus momentos de fraqueza.

Sei o que quero. Sei o que sonho e desejo. Só não sei se tenho a sorte, a força e a coragem necessárias para lá chegar.

Tenho a alma agitada e perdida, e o coração inquieto e vazio. A espera desespera-me, e eu ainda não aprendi a esperar... Será que algum dia aprenderei???

A música continua a tocar, numa tentativa vã de conseguir ter em mim o efeito que nada mais consegue ter. E o sono continua a teimar em não chegar...

2 comentários:

Anónimo disse...

Já te disse.. não foi um erro, sentir o que senti não foi um erro.. quando senti, senti.. ao contrário de muitos, eu não volto atras e digo que não senti, mesmo que envolto na mais puras das raivas :) eu agora olho para trás.. até o momento mais triste foi feliz, porque aí soube que o que realmente sentia.. foi positivo em todos os aspectos.. mesmo na queda do gigante.. porque de uma grande queda segue uma graciosa forma de levantar...

Maria disse...

Marcos - Não me arrependo de ter sentido o que senti. Mas consigo perceber que apaixonar-me por aquela pessoa foi um erro, não pelo que sofri, porque isso poderia acontecer com qualquer outro alguém, mas porque me apaixonei por alguém que não se apaixonou por mim. O erro foi esse. Até porque o que senti, e em parte ainda sinto, por aquela pessoa fez-me acreditar que era capaz de voltar a gostar muito de alguém. Não deu certo, não tinha de dar, e isso custa-me muito. Mas a vida é mesmo assim.

Concordo quando dizes que é nos momentos tristes que percebemos o que verdadeiramente aquelas pessoas significam para nós. Foi assim contigo e foi assim comigo. Só quando acabou é que percebi o quanto aquela pessoa era importante.

Não nego o que senti... Jamais o farei... Senti muito e senti bem. Ainda sinto, mesmo que não seja como antes. E sei que se as coisas fossem diferentes voltaria a sentir o que senti, ou ainda mais, quem sabe, em relação àquela pessoa. Só que isso não é possível porque simplesmente não se pode pedir a ninguém que goste de nós e nos queira. Resta-nos a certeza de que somos capazes de sentir e que um dia ainda vamos ser felizes.

Por isso amiguinho, cabeça para cima e olhar em frente, porque para lá do horizonte há muitas vidas por descobrir...

Beijinhos grande,

Maria