sábado, novembro 25, 2006

As palavras, os silêncios, as partilhas e Nós...

Voltámos a desfiar a alma uma da outra. É inevitável que isso aconteça de cada vez que nos sentamos frente a frente, naquela mesa do nosso "Spazio", com as nossas italianas e os nossos copos com água como testemunhas silenciosas do que somos no mais íntimo de nós.

Olhaste para mim e sem que eu dissesse uma palavra disseste-me que não estava bem. Sorri-te. “Começa a falar”, disseste-me tu. E eu falei. Disse muito, e calei outro tanto. Os silêncios partilhados. Os silêncios ensurdecedores das nossas almas e dos nossos sentimentos, que dizem e mostram tanto. Calei-me e voltei a falar. Falei do que quero, do que não quero, da corda bamba, das incertezas, do que nem sequer sei falar.

Olhaste-me com um ar enigmático e fizeste a pergunta que me fez tremer: “Onde é que está a Maria do Gustavo? A Maria de há três anos atrás?”. Respondi-te que estava guardada num recanto qualquer de mim. Cresci e mudei, e aquela Maria transformou-se no que sou hoje. Se o que sou é bom, ou mau, se me agrada, ou não, ainda estou a descobrir. Até agora o balanço é positivo. Daqui para a frente logo se vê.

Guardei na memória cada uma das tuas palavras. Sei que tens razão em muitas delas, em quase todas, diria mesmo. Sei que há riscos que não quero correr. Sabes como sou. Somos parecidas demais. “Somos tão parecidas que até chateia!”, dizes tu. E talvez seja por isso que não preciso de escrever muito mais sobre aqueles assuntos, tal como não precisei de dizer, para que percebas bem o que quero significar. E é por isso que te digo que não vou deixar, não vou dar espaço. O passado, ainda que recente, vai continuar a sê-lo. E o futuro será o que tiver de ser.

Adorei ver-te assim, tão calma, tão serena, tão feliz. Somos o que a vida tem feito de nós. E sinto-me muito feliz por presenciar o que ela te dá. Porque acredito que os bons são sempre recompensados. E estou certa que o momento que vives é apenas uma das muitas recompensas que a vida tem guardadas para ti.

Hoje, depois de muito pensar, tenho certeza do que não quero. Tudo o resto se resume à “certeza das incertezas” que me envolvem.

Se ao menos a Borboleta e a Andorinha ainda fossem capazes de voltar a voar...

5 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Uma grande sintonia entre duas pessoas que falam da vida...
O que não se quer é sempre mais fácil de determinar, mas também é importante delinear aquilo que realmente queremos.
Boa semana.
Beijos.

Ines disse...

Obrigada, minha querida!
Obrigada por existires, obrigada por seres um ser humano maravilhoso, obrigada por me permitires fazer parte da tua vida, obrigada por me dares a conhecer a história das estórias... obrigada, pela partilha e pela cumplicidade!

Gosto muito de ti e sei que a borboleta e a andorinha andam a ensaiar o vôo...

Beijinho grande.

Nilson Barcelli disse...

Não há mais...?
Beijos.

Maria disse...

Nilson - Definir o que se quer é sempre o mais complicado. Mas saber o que não se quer já é meio caminho andado. O que não quero sei bem. O resto terá de vir com o tempo!

Já aí está um novo post! ;-)

Beijinho grande

Maria disse...

Inês - Nem sei que te diga. Deixaste-me sem palavras! Devolvo-te os agradecimentos, dizendo-te que não tens de agradecer. Há coisa que saem de dentro de nós, que se dão com o coração e com a alma, e esta amizade é um bom exemplo disso!

Também gosto muito de ti!

Beijo enorme

P.S.- Estou ansiosa por velas de novo levantar vôo...;-)