"Passeio dos Prodígios"

A vontade de chegar a casa era mais do que muita. O cansaço físico e psicológico que se tem vindo a acumular nos últimos dias, atingiu hoje picos históricos (o que vale é que amanhã entro de férias). Entrei no carro e recostei-me no banco. Fechei os olhos e tentei esvaziar a mente de tudo o que a habitava naquele momento. Devo ter estado assim perto de cinco minutos. Apenas uma coisa não consegui afastar. Aquela música. Lembrei-me dela durante o dia, a propósito de uma conversa, e não mais ela se foi embora. Deixei-me embalar pelo som daquele piano e por aquela interpretação em jeito de sussuro que acaba de libertar-se, dentro da minha mente.

“Vamos enganar o tempo
saltar para o primeiro combóio
que arrancar da mais próxima estação!
Para quê fazer projectos
quando sai tudo ao contrário?
Pode ser que, por milagre,
troquemos as voltas aos deuses”

(“Passeio dos Prodígios”,
Jorge Palma)

(simplesmente genial)