domingo, dezembro 02, 2007

O "Spazio", as palvras, e nós...

Três dias depois parei, finalmente, para pensar com calma naquele lanche.

Nunca antes havia partilhado “aquele” espaço, o meu, o nosso, "Spazio", “aquela” mesa, a mesa dos segredos, daquela forma. A escolha do local pareceu-me natural, a escolha da mesa também.

Olhou-me com ar meio desconfiado quando lhe pedi que me deixasse apenas ver uma coisa. Quando nos sentámos, disse-lhe que era a minha mesa preferida. Não lhe disse que era “a mesa dos segredos” (uma das duas), porque isso é segredo.

Falámos muito, como sempre. As palavras e os assuntos parecem não faltar.

Estava ansiosa pelo que já se sabe, e quando me perguntou como estava em relação a isso lhe escondi a minha ansiedade. Disse-me, com a mesma naturalidade de sempre, que era uma questão de dias, e que não tinha com o que me preocupar. Quis tanto acreditar… Ainda quero, mas só quando tudo estiver resolvido é que serei capaz de respirar fundo.

Percebi-o agitado e inquieto. “Desculpa, eu sei que estou um bocadinho acelerado.”, disse-me antes de mudar o tema de conversa para mim. E fartou-se de fazer perguntas.

Os scones estavam fabulosos, como sempre. O chá branco serviu para aquecer-nos o corpo, porque o frio que se fazia sentir lá fora era mais do que muito. E a conversa, essa teve um efeito que ainda estou a tentar perceber.

As minhas razões para ficar preocupada confirmaram-se entre o dia seguinte e ontem, mas hoje de manhã já me dizia que não me preocupasse, porque apesar de estar receoso também estava confiante. Não acreditei muito e, há pouco, quando escutei a sua voz ao telefone não sei se acreditei naquela segurança toda que me quis fazer crer que sentia. Tem receio. É normal. É o fechar de um círculo no qual investiu muito. E o medo de falhar é sinal da responsabilidade que carrega aos ombros.

Na noite do teatro, quando nos despedimos, achei que estas duas semanas iriam ser complicadas de passar. E, apesar da primeira ter sido mais fácil de levar do que a segunda, a verdade é que hoje, depois de desligarmos o telefone, percebi que a parte difícil vai começar depois de amanhã. E agora quem tem medo sou eu…

O que é que eu faço???

2 comentários:

Inês disse...

O que é que tu fazes, minha querida? Para mim a resposta é intuitiva, simples e óbvia. Continuas a ser tu, igual a ti própria, continuas a dar-te ao mundo com a responsabilidade de quem sabe sentir o pulsar da vida... e entregas-te, ao que tens e aos sonhos que te fazem voar. Não há nada a fazer, tens alma de borboleta e coração de andorinha, não podes proteger-te da tua natureza.
Por tudo o que escreveste, mas sobretudo pelas palavras que não precisaste de verbalizar, esse medo é legítimo mas tão relativo. Não te vou pedir que o abandones, porque o sei impossível, mas lembra-te que só por conhecermos o amargo é que podemos valorizar o doce.
Não há nada que eu te possa dizer que a tua sensatez não tenha já ditado, tu sabes as respostas, tu tens a chave! Tenho a certeza que vais escolher o melhor do caminho e vais encontrar a terra dos sonhos no mundo real.
Gosto de ti, muito, vou estar sempre ao teu lado para que possas partilhar os teus segredos em voz alta, para que te possas ouvir e apaziguar a ansiedade que te assola a alma e impede de escutar o coração.
O teu blog não é O Lume por acaso... Um beijinho muito grande, do tamanho do que não se diz, até ao nosso próximo encontro.

Nilson Barcelli disse...

Se eu soubesse...
Mas acho que tu saberás encontrar o caminho certo.
Bfs, beijinhos.