sexta-feira, março 30, 2007

Desisto

Entrego as armas e deixo cair a armadura...
Há coisas que não se mudam de um dia para o outro...
Tentei, mas não consegui...
Falta-me a coragem...
Desisto...

Cartoon

A propósito de uma conversa disparatada... ;-)


Cheiros

Tenho por hábito associar os cheiros dos perfumes às pessoas que os usam. E não são raras as vezes em que no meio da "multidão" sinto um aroma conhecido e, quase involuntariamente, começo a procurar a pessoa à qual associo esse mesmo cheiro. Via de regra, obviamente, de conhecido só encontro o próprio cheiro. Mas, por vezes, o perfume que me agita os sentidos vem mesmo da pessoa certa. Como aconteceu ainda há pouco. É bom encontrar uma cara amiga logo pela manhã, e dar por ela através do seu cheiro...

terça-feira, março 27, 2007

Por vezes...

... há imagens que valem mesmo mais do que mil palavras...

segunda-feira, março 26, 2007

Manias... (ou post pseudo-fútil, porque me apetece)

Pronto, eu confesso, tenho as minhas manias. Quem me conhece sabe quais são, até porque estão bem à vista.

De entre todas destacam-se as minhas unhas. É verdade! Arranjo-as e troco o verniz, ainda que seja da mesma cor, pelo menos duas vezes por semana. Se não andam arranjadas é porque alguma coisa não está bem...

Outra das minhas manias são as máscaras que coloco no cabelo duas vezes por semana. Pois é, perco algum tempo a dar um tratamento revigorante ao meu cabelo, duas vezes por semana (três vezes, se estivermos no Verão)!

É certo que estas minhas manias entram em contradição com uma das coisas de que menos gosto: detesto fazer compras. É verdade!!! Sou uma mulher atípica, nesse aspecto (e só nesse, ok?). Detesto perder muito tempo em Centros Comerciais a fazer compras para mim. Se estiver a fazer companhia a alguém tenho toda a paciência do mundo, mas se as compras forem para mim é melhor esquecer. Em três tempos perco a paciência, dou meia volta a vou embora! E quem viera atrás que feche a porta!

Tudo isto só para dizer que sim, também tenho as minhas manias e não tenho qualquer problema em assumi-las. Acreditem que há manias e vícios bem mais estranhos do que os meus...

domingo, março 25, 2007

...

Depois de um fim-de-semana em que a vontade de estar com outras pessoas foi muito pouca, o fim do dia de Domingo não poderia ter sido melhor.

Muito poucos são os que percebem esta minha necessidade de, por vezes, me esconder do mundo e ficar quieta no meu canto. Não é defeito, é feitio. E a necessidade de ter o meu espaço é imperativa. Estes momentos começam a ser cada vez menos frequentes. Todavia existem, e preciso que aqueles que gostam de mim, e partilham a minha vida de alguma forma, respeitem isso. Nem todos conseguem entender, mas, e porque gostam de mim, respeitam e aceitam.

Saí da casa decidida a espairecer, apanhar ar e “arrumar a casa”, mais uma vez... Acabei por ir a casa de uma amiga, e foi o melhor que fiz! As palavras, acompanhadas de algumas gargalhadas, acabaram por deixar a meu cargo uma missão ingrata e difícil. Mas os amigos são mesmo o melhor do mundo e prefiro que seja assim. Vai custar-me mas há coisas que têm de ser feitas, não havendo qualquer volta possível a dar.
Além das palavras amigas e das gargalhadas que soltámos à conta do “Ah, acordas de duas em duas horas como os bebés”, ainda recebi um presente! Muito obrigada Amiguinha! Parece que vou poder voltar a jogar antes do que pensava! E fico muito feliz por isso!!!

Para terminar o fim-de-semana em beleza, nada melhor do que regressar a casa e receber muitos miminhos da Bia! É tão bom tê-la cá em casa!

Balanço de um mês atribulado:


(ATENÇÃO - ideias cronologicamente desordenadas)

- Resultados dos exames satisfatórios, e consequente passagem à segunda fase;
- Contagem decrescente para a chegada do Gu;
- Festa com data marcada, mas sem carimbos (sim, sim, não vale a pena teres ideias tristes!);
- Menos 3 kg (acusa a balança);
- Há males que vêm por bem;
- Muita ansiedade;
- A amizade é, sem dúvida alguma, a mais bela forma de amor;
- Muitos miminhos dos meus amores da minha vida;
- Parabéns minha linda, já tens 7 aninhos!;
- Dói-me a barriga de tanto rir...;
- "Cheira a velho" (Su), "Não, não, cheira é a mofo" (empregado do Procópio);
- Algumas tristezas e muitas lágrimas;
- Sentir-me vazia e perdida, para me reencontrar a seguir, mais forte e decidida;
- Saber bem o que não quero;
- O "Macbeth" é genial;
- Eu avisei...;
- O vizinho de baixo a tocar acordeão às 9hs da manhã de sábado... Ninguém merece;
- Alguns puxões de orelhas (sim, eu sei que os mereci...);
- Sentir que não vou voltar a ser capaz;
- Vontade de ir mais além;
- Quero o Verão, o Sol, a praia, pouca roupa;
- Decobrir Mario Vargas Llosa - Fabuloso!;
- Jantar da velha guarda (com algumas ausências);
- Preciso de um bikini novo urgentemente;
- "Vai acontecer-te primeiro a ti" (já não digo que não);
- Grrrrr, detesto fazer compras;
- Muitas saudades;
- Já bebo menos café (é verdade, é! Qualquer dia já perdi o vício... ;-P);
- Não faças perguntas para as quais não estás disposto a ouvir qualquer tipo de resposta;
- Vou ter cédula profissional (eu sei que é provisória e de estagiária...);
- Fim-de-semana triste em que não me apetece estar com ninguém;
- O retomar da aventura literária (se tudo correr bem, acabo até ao final do ano);
- Conversas estranhas e outras engraçadas;
- A sorte está lançada!;
- A amizade não se agradece;
- Os elogios são sempre bem-vindo e caem sempre bem;
- Organizar uma despedida de solteira dá trabalho!!!;
- Triste porque nem todos seguimos em frente;
- O último livro está quase a chegar!;
- Voltar a acreditar que “...um dia voltarei a ser feliz...”;
- “O que tiver de ser teu às tuas mãos irá parar” (a ver vamos querida Conchinha, a ver vamos);
- Algumas surpresas agradáveis;
- Ter, mais uma vez, a confirmação de que aquilo que não nos mata torna-nos, decididamente, mais fortes;
- A espera é terrível;
- Talvez seja possível, um dia...;
- A Bia cá em casa durante uns dias (muito mimos garantidos :-D);
- O desaire do gelado e a gargalhada que se lhe seguiu;
- Mais uma vista linda de Lisboa;
- “O amor sabe onde me encontrar” (frase que adorei – tem direitos de autor que não são meus, é claro!);
- A cara assustada de um amigo a olhar para a minha cara de má, que não consegui manter, seguida de uma gargalhada que deixou toda a mesa a rir;
- O “banho” da água com gás;
- “A única coisa de que te vais arrepender é de não teres estudado mais” (devia ter-te dado ouvidos...).

Baralhando e voltando a dar, o balanço final até é POSITIVO!

sexta-feira, março 23, 2007

12 anos depois....


Depois de uma semana de muita ansiedade, muitas alegrias, muitas gargalhadas e algumas boas surpresas, o fim-de-semana chegou pintado a cores tristes.

Passados 12 anos a saudade só aumentou, e dói tanto como doeu na altura. Sinto-me como se fosse uma menina pequenina que precisa de ser protegida num abraço fechado, como a Beatriz quando tem medo do escuro e me pede que fique com ela até adormecer. Pensei que com o passar dos anos a dor fosse acalmando, mas o tempo fez-me perceber que as pessoas que amamos são, e serão sempre, uma parte de nós... T
udo foi muito injusto. Mas a vida é mesmo assim, e há coisas que não se controlam.

Às vezes, quando estou em casa da Avó, olho para aquela cadeira e parece que o observo a ver televisão, um jogo de futebol, o seu Sporting. Lembro-me tão bem de uma "maldade" que eu e a Rita lhe fizemos, na época de 93/94, quando o Benfica foi Campeão. Atrás das balizas do Estádio da Luz estava escrito no relvado "Benfica Campeão". Eu e a Rita fizemos o Avô repetir "Benfica Campeão" muitas vezes, porque diziamos que não conseguiamos perceber. E sempre que me recordo desse dia, sinto-o mais perto, apesar da saudade.

O tempo não volta atrás e o que vivemos com ele são agora, apenas, boas recordações de uma infância que terminou no dia 24 de Março de 1995.

Passaram-se 12 anos e eu tenho muitas saudades suas, Avô...

terça-feira, março 20, 2007

"Restolho"

Porque acredito que existem “músicas perfeitas”... Porque gosto muito desta música... Porque quero... Porque sim!!! :-)



“Restolho”

“Geme o restolho, triste e solitário
a embalar a noite escura e fria
e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário

Geme o restolho, preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem cor e sem vontade

Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda

Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver

e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
p’ra receber daquilo que aumenta o coração

Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda

Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver

e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
p’ra receber daquilo que aumenta o coração”

(Mafalda Veiga)

Creme de Mãos

Já por duas ou três vezes chamei a atenção a alguns amigos para o estado das suas mãos. Sempre muito secas e com um aspecto descuidado. Nessas mesmas alturas perguntei-lhes se queriam um pouco de Creme de Mãos (não falta em qualquer mala feminina que se preze). E de todas as vezes a resposta foi a mesma: “Creme de Mãos? Isso é coisa de mulher ou de gajo abichanado!”.

Confesso que fiquei chocada!

Ó meus amigos, então não sabem que as mãos são a parte do corpo de um homem que a larga maioria das mulheres analisa em primeiro lugar?

Então, não vos passa pela cabeça que umas mãos com aspecto descuidado e um tanto áspero, deixa qualquer mulher de pé atrás?

Ou será que vocês não gostam que uma mulher tenha a pele macia, suave e cuidada?

Não acham que nós também gostamos de sentir que a pele que toca a nossa é suave, em vez de ser áspera?

Não é por usarem Creme de Mãos, ou outro tipo de creme hidratante, que vão ser menos homens.

Vamos lá pensar nisto, sff...

domingo, março 18, 2007

Reacções alérgicas

Parece que tenho algumas reacções alérgicas atípicas. Mas, e como em quase tudo, a doutrina diverge...

quinta-feira, março 15, 2007

"Escolhas" (VIII)

“O destino por vezes prega-nos partidas e coloca-nos à prova quando menos esperamos. Entrar na empresa logo de manhã e ser surpreendida pelo chefe à minha espera, quase ia fazendo com que eu tivesse uma coisinha má à frente do departamento todo. “Marta, preciso de falar consigo. Faça o favor de me acompanhar ao meu gabinete.” Aquele homem de ar altivo e austero sempre me provocou arrepios. E daquela vez não foi diferente. Quando saí do gabinete do chefe nem queria acreditar. Sentia-me uma menina de 5 anos a quem tinha acabado de ser dado um presente. A proposta, além de irrecusável, era o motivo que me faltava para ir embora e deixar tudo para trás. Integrar a equipa que ia chefiar o Departamento de Marketing da filial que a empresa ia abrir em Londres, durante dois anos. Só podia mesmo estar a sonhar. Mas não, não era sonho. Era a realidade, a oportunidade de mudar a minha vida e apagar o Afonso de mim. Até àquele momento nunca havia conseguido entender como é que alguém poderia fugir para esquecer, mas, num abrir e fechar de olhos, tudo passou a fazer mais sentido. “Não precisa de me responder já. Tem até ao final da semana para decidir. Afinal é uma grande mudança na sua vida.”, disse-me o chefe depois de me fazer a proposta. A vontade que tive foi de lhe dizer, imediatamente, que sim, mas controlei-me. Não tinha dúvida alguma que ia aceitar, só que devia fazer tudo com calma.
Tinha muitas coisas para tratar antes de dar a resposta definitiva ao chefe, e a primeira, e mais importante de todas, era contar aos Pais, ao Francisco e à Eduarda que me ia embora daí a três semanas, e que nem sequer presente estaria no Baptizado do Martim. Foram duas conversas difíceis. Os Pais, apesar de ficarem felizes com a oportunidade que me estava a ser dada, ficaram, também, tristes por saberem que o verdadeiro motivo de eu ter aceite era querer ficar o mais longe possível do Afonso e do vazio profundo e escuro em que a minha vida se tinha transformado desde que a nossa história havia terminado. O Francisco e a Eduarda é que não aceitaram muito bem. O meu irmão chamou-me cobarde e disse que já não me reconhecia. Custou-me muito ver a tristeza no olhar dele. “Preciso de me afastar para me reconstruir...”, foi a única coisa que consegui dizer-lhe. A custo lá percebeu que eu tinha mesmo de me ir embora poder voltar a ser eu. Depois da conversa, disseram-me que o Afonso já não ia ser o Padrinho do Martim, porque já não fazia sentido. “Queríamos que fossem os dois!”, disse-me a Eduarda resignada e sem ter mais argumentos para me demover. O Francisco resolveu convidar o nosso irmão Bernardo para ser o Padrinho e a Eduarda decidiu-se pela Mariana, a prima que era como se fosse uma irmã.
As três semanas seguintes passaram a voar e o dia da partida, finalmente, chegou. A Mãe ficou a tomar conta da minha casa. Descansou-me dizendo que a Rosa iria duas vezes por semana limpar a casa e abrir as janelas para o “ar entrar”. O Pai pediu-me que para tomar conta de mim. Acho que até àquele momento ele nunca tinha percebido que a menina pequenina era já uma mulher. Recordo-me que nem quando saí de casa dos pais para viver sozinha, eles tiveram uma reacção assim. Afinal a minha casa não era assim tão longe da deles, e eu estaria sempre por perto. Só que a filha mais nova, a única menina dos três filhos, tinha, de repente, criado asas que a levariam para longe dele. Mas não poderia ser de outra maneira.
Hoje, passados seis meses desde a partida, começo, novamente, a sentir-me eu. As insónias já se foram há muito, e o facto de todos terem respeitado o meu pedido de não voltar a saber o que quer que fosse do Afonso, ajudou imenso. O Francisco ainda tentou por duas ou três vezes falar-me dele, mas cortei-lhe a palavra. Não podia permitir que a minha paz se fosse embora por causa de “notícias do Afonso”. Sinto que começo, finalmente, a recuperar o brilho e a alegria que perdi na noite da inauguração do Restaurante do Afonso. Às vezes ainda penso nele, mas aprendi a marginalizar a saudade e o amor que, embora me custe admitir, ainda sinto por ele. Mas um dia acabará por passar, porque a vida encarregar-se-á de colocar tudo no seu devido lugar.”

quarta-feira, março 14, 2007

Aprendizagens

Há lições que a vida nos dá, que nos surpreendem de um modo incomensurável. Sempre julguei que o que era semelhante, mais facilmente se adaptaria. Aprendi que não é bem assim. É bem mais fácil coordenar as diferenças do que as semelhanças...

terça-feira, março 13, 2007

"Ponto de Rebuçado"

A primeira vez que ouvi esta música no rádio do carro, aqui há uns dias atrás, soltei uma gargalhada... É incrível como determinadas músicas parecem ter sido escritas para pessoas que conhecemos... Lindo!!!
Assim que conseguir, deixo aqui a música durante uns dias para ouvirem! Até lá tentem ouvir na rádio, e deliciem-se, como eu me delicio, com a voz do Nuno Norte... ;-)


"Ponto de Rebuçado"

"Há meia dúzia de coisinhas
Que eu tenho para te dizer
Podem ser fantasias minhas
Mas isto anda-me a bater

Eu já topei as tuas ancas
E a sapiência do teu peito
Podem ser só as minhas pancas
Mas acabaram dando efeito

E agora o que é que vais fazer?
Vou ficar aqui pendurado
Em ponto de rebuçado?

Há meia dúzia de coisinhas
Que eu tenho para te dizer
Não finjas que são coisas minhas
Mas andas-me a apetecer

Se um dia der para baralhar
As pernas e os sentimentos
Não hesites em me apitar
Eu não guardo ressentimentos

E agora o que é que vais fazer?
Vou ficar aqui pendurado
Em ponto de rebuçado?"

(Filarmónica Gil)

segunda-feira, março 12, 2007

Re: Porque vamos voltar...

"Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do pilar
Vê um velho casario
Que se estende até ao mar

Quem te vê ao vir da ponte
És cascata sanjoanina
Erigida sobre um monte
No meio da neblina

Por ruelas e calçadas
Da ribeira até à foz
Por pedras sujas e gastas
E lampiões tristes e sós

Esse teu ar grave e sério
Num rosto de cantaria
Que nos oculta o mistério
Dessa luz bela e sombria

Ver-te assim abandonado
Nesse timbre pardacento
Nesse teu jeito fechado
De quem moi um sentimento

E é sempre a primeira vez
Em cada regresso a casa
Rever-te nessa altivez
De milhafre ferido na asa"

(Porto Sentido)
(Rui Veloso)

domingo, março 11, 2007

"Escolhas" (VII)

“O tempo tem passado a um ritmo dolorosamente lento. Os dias arrastam-se numa morosidade que me faz acreditar que o tempo vai parar a qualquer momento. A tua saída da minha vida foi repentina demais e deixou em mim um vazio imenso e profundo. Sei que fui eu quem te pediu, mais uma vez, para sair. Mas desta vez não tinha escolha. O teu filho está quase a nascer e é ao lado dele que deves estar. Não há volta a dar a isso. Há uns dias soube pelo Francisco que nunca chegaste a ir viver para casa dela. Contou-me que lhe tens dado todo o apoio mas que continuas a querer comprovar se o filho é mesmo teu, ou não. Receber a tua chamada ontem fez-me tremer e ter vontade de te pedir que voltasses. No instante que ouvi a tua voz do outro lado do telefone sussurrar-me ao ouvido que tinhas saudades minhas, tive uma vontade quase incontrolável de me refugiar nos teus braços e pedir-te que fosses para sempre meu. Disseste-me que quando a criança nascer vais tirar as dúvidas que tens. Pediste-me que esperasse só mais um pouco. Afinal o Francisco também te mantém informado do que se passa na minha vida. “Sei que não colocaste ninguém no meu lugar. Só te peço mais um tempo. Depois vamos poder ser felizes.” Mas não tenho ilusões. Será que acreditas ser capaz de deixar a Mãe e o filho para trás se ficar provado que não és o Pai biológico? Eu não acredito. Sempre quiseste ser pai, e esta criança irá preencher esse vazio que existe na tua vida.
Recordo-me daquela noite fria de Inverno em que, perdido nos meus braços, me disseste como gostavas de ser Pai. Olhei-te com ar enternecido e pedi-te para esperarmos mais um pouco. Os teus 33 anos já faziam o teu relógio biológico funcionar, mas eu ainda não estava preparada. Apesar de não serem muitos os anos que nos separam, eram os suficientes para que eu te pedisse para esperarmos mais um ano. “Para o ano encomendamos um priminho ou uma priminha para a Maria! Prometo!”. Mas agora tudo isso deixou de fazer sentido, apesar de ontem teres voltado a dizer que os nossos filhos vão ser lindos, tal como a Avó Madalena previa. Só que eu já não acredito em nada.
Às vezes penso que seria preferível que tivesses arranjado outra mulher, que te tivesses apaixonado por alguém mais do que por mim, e que essa fosse a verdadeira razão da nossa separação. Custar-me-ia muito, de qualquer maneira, mas ao menos acabaria por passar. Mas um filho não se apaga, é para toda a vida. E não posso, nem quero, alimentar mais ilusões acerca de nós os dois. A vida vai ter de continuar de alguma maneira. Foste um sonho lindo que me atrevi a acreditar que poderia ser real. Mas os meus medos levaram-te para mais longe do que eu julgava. Sei que jamais poderei culpar-te por teres tentado viver a tua vida sem mim durante aqueles seis meses que estivemos separados. Durante esse tempo nada levava a crer que nos voltaríamos a entender. As mágoas daquela ruptura eram profundas demais. Mas a vida trocou-nos as voltas, juntando-nos para voltar, no momento seguinte, a separar-nos. Só que desta vez para sempre. Agora só falta saber como vou conseguir dizer que não ao Francisco e à Eduarda. Mas terá mesmo de ser.
Quando o Martim nasceu, tremi. Entrei na maternidade a medo, porque não queria encontrar-te. O Francisco descansou-me dizendo que te tinha pedido que só lá fosses ao final do dia, para não nos cruzarmos. E assim foi. Há hora de almoço lá fui eu, meio a medo, ainda assim, ver o meu primeiro sobrinho. A Eduarda estava radiante com o seu menino lindo e disse-me com aquele ar embevecido e convicto que só as mães conseguem ter: “O meu filho é o bebé mais lindo do mundo! Vês como eu tinha razão? Eu sabia que ia ter um Martim!”. E sabia mesmo. Recordo-me que, no dia em que nos deu a notícia de que estava grávida, a Eduarda disse que ia ter um menino. Peguei nele, tão frágil e indefeso, e não consegui evitar pensar no teu filho. Também é um menino e vai chamar-se João Maria. Ela quer dar-lhe o nome do teu Avô. É engraçado e triste, ao mesmo tempo, pensar nisso. Porque quando me disseste que gostavas muito de ser Pai, disseste-me, também, que gostarias que o nosso primeiro filho, caso fosse um menino, se chamasse João Maria. E agora o teu filho vai ter esse nome.
O pedido da Eduarda, enquanto eu tinha o Martim nos braços, caiu-me em cima como uma bomba. “Eu e o Francisco gostávamos que, apesar de tudo, tu e o Afonso fossem os padrinhos do Martim.” Saí da maternidade com a cabeça a mil à hora, sem saber o que fazer. Como é que eu vou dizer que não ao meu irmão e à minha cunhada? Como é que lhes vou explicar que não posso ser madrinha do filho deles se o padrinho for o homem que amo e que não posso ter? Como???”

"Travessuras da Menina Má"


Fiquei presa da primeira à última linha... De Lima a Paris, passando por Londres, Tóquio e Madrid, a "Menina Má" e o seu "Menino Bom" deliciam-nos com uma história de encontros e desencontros capaz de fazer-nos experienciar as mais diferentes emoções.
E mais não digo. Aconselho a leitura deste fabuloso livros de Mario Vargas Llosa a todos aquelas que partilham a mesma paixão pela leitura que eu tenho.

sábado, março 10, 2007

Às vezes gostava de não ser tão dura e tão fria em relação a determinadas situações, coisas e pessoas. O problema é que acho que isso já começa a acontecer de forma generalizada...

sexta-feira, março 09, 2007

Devagarinho

“As coisas e as pessoas só têm a importância que lhes damos. Tens de aprender a relativizar!”

A razão contida nestas palavras é imensa! Não precisei de ouvi-las hoje para a interiorizar, porque, sem me ter dado conta, já o tinha conseguido fazer. No entanto, é sempre bom ouvir verdades preocupadas de quem tanto gosta de nós!

A pouco e pouco, ainda que com a mesma lentidão que algumas feridas demoram a cicatrizar, a vida vai recomeçando a fazer-me bem!

Mau feitio? Eu?

Isto hoje em dia houve-se com cada uma que parecem duas ou três...
Não é que hoje alguém se lembrou de me dizer que tenho mau feitio???
Acho mal...
Aliás, acho muito mal...
Isso é lá coisa que se diga???
Ainda por cima não corresponde em nada à verdade... ;-)
Eu???
Ter mau feitio???
Qué lá isso???

quinta-feira, março 08, 2007

"Grito"

"Há alturas na vida
Em que se sente o pior
Como que uma saída
Refúgio na dôr

E ao olhar para trás
Pensar no que aconteceu
O que se vê não apraz
Não gritou mas escondeu

E salta a fúria em nós
Rebenta o ser mais calado
Querer puxar pela voz
Mostrar que está revoltado

À espera o tempo a passar
A desesperar
Ganhar a coragem de gritar e gritar

E é nestas alturas
Sou eu mesmo que o digo
Repensamos na falta
Que nos faz um amigo

Alguém que nos mostre a luz
E nos estenda uma mão
Diga que a vida não é cruz
Olhar para trás pedir perdão

E salta a fúria em nós
Rebenta o ser mais calado
Querer puxar pela voz
Mostrar que está revoltado

À espera o tempo a passar
A desesperar
Ganhar a a coragem de gritar e gritar"

(Polo Norte)


Também sinto muito a tua falta, mas o tempo vai voar e em breve voltaremos a estar perto... Gosto mesmo muito de ti... Nunca te esqueças, nem nunca duvides, disso... Afinal, "quando formos crescidos vamos casar um com o outro"... Lembras-te? Já lá vão mais de dez anos e continuamos a dizer os mesmo disparates que diziamos quando tinhamos 12 anos... Talvez seja por isso que a amizade que nos une resistiu à distância e à ausência a que nos forcei há quase 6 anos atrás...
É nestas altura que percebo que há laços que podem mesmo durar para sempre e que, ao contrário do que diz o Francisco, nem tudo tem de ter um fim...

quarta-feira, março 07, 2007

"Retalhos"

Passaram-se, exactamente, dois anos e três meses desde que escrevi estas palavras. Recordo-me que naquela altura, como agora, já não me atrevia a ensaiar um poema há muito tempo. Antes dessa época, quando era ainda uma menina de 16 anos, escrevia poemas e mais poemas. Em boa verdade eram apenas alguns versos dispersos que, por vezes, rimavam uns com os outros. Sempre muito intensos e profundos. Hoje, à distancia dos anos que passaram desde que os escrevi, leio-os (guardo-os todos porque fazem parte de mim) e percebo a inocência e a ingenuidade perdida naquelas palavras, naquelas linhas às quais, com orgulho, chamava poemas.

Um breve encontro com o passado no sábado à noite, ou então a sensação de ter-me cruzado com esse mesmo passado, trouxe-me à memória as linhas que se seguem. As palavras que esse mesmo passado disse terem “perfume a passado”.


"Retalhos"
"Recordações fragmentadas que me invadem a mente,
Me enchem a alma e iluminam o coração…
Tempos que passaram e deram lugar a um presente
Em que os meus olhos chovem de desilusão…

Vestígios de algo que nasceu em mim…
Algo que nunca consegui explicar…
E o que me ficou do que senti,
Lancei a custo nas ondas do Mar…

Perdida em memórias traiçoeiras
Que me fazem esmorecer a alegria,
Recordo as manhãs soalheiras
Em que ver-te me animava o dia…

Retalhos de um sonho que desejei real…
Pedaços de uma ilusão que me fez voar…
Motivos não encontro para tanto mal,
Que me ficou apenas por sonhar… "

(Ana)

segunda-feira, março 05, 2007

Palavras

Sempre tive um fascínio pelas palavras, especialmente pelas escritas. Recordo-me de que quando entrei para a escola queria era aprender a ler e a escrever. Queria poder ler os livros que a Mana e a Ritinha liam, porque queria ser crescida como elas. E, talvez por força dessa minha vontade de crescer, habituei-me, desde muito cedo, a ler. Comecei por devorar os livros da colecção "Uma Aventura". Sabia-os de fio a pavio. Ainda hoje me recordo de algumas das histórias desses livros. Deixava-me envolver pelas palavras e imaginava-me dentro da história. Fechava os olhos e conseguia ver, de um modo inocente e infantil, como eram os lugares, as pessoas, e todas as aventuras pelas quais as personagens passavam. E acreditava que tudo aquilo, de algum modo era real.
Depois cresci e as leituras mudaram um pouco de estílo. Mas, ainda assim, o meu fascínio pelas palavras escritas não diminuiu, antes pelo contrário, aumentou e continua a em manifesta ascensão. Perco-me dentro de uma livraria, e não raras são as vezes em que tenho de me controlar para não comprar mais um livro. Faço sempre questão de lembrar a mim mesma a quantidade de livros que tenho por ler. Mas, às vezes, não resisto e lá compro mais um. Há paixões para todos os gostos e feitios, e esta é uma das minhas!
Mas mais do que ler adoro escrever. E escrevo muito. Especialmente cartas. Adoro escrever cartas e receber respostas. Hoje em dia escrevo mais e-mails, é bem verdade, mas cada resposta que recebo consegue provocar em mim a alegria que antes sentia ao receber uma carta. Mas também há as outras, as que escrevo e não envio. A bem dizer só o fiz em dois momentos da minha vida. E guardo-as como uma espécie de tesouro. São a memória escrita de momentos e sentimentos, umas vezes partilhados, outras incompreendidos. São parte do que sou e representam uma parte da minha aprendizagem como mulher e como pessoa. Os destinatários jamais a lerão, porque estas são memso só minhas!
As palavras escritas sempre fizeram parte de mim. Quando não as conhecia, tinha ansia de as aprender. Quando as conheci, jamais as deixei fugir.
As palavras escritas continuam a fascinar-me, hoje, tanto ou mais do que fascinavam quando era pequena e as queria só para mim...
Entrei hoje, oficialmente, em contagem decrescente... Vão ser 17 longos e torturantes dias de espera... E pela forma como tudo correu não se adivinha grande recompensa...

quinta-feira, março 01, 2007

Afagos d'alma

Há lugares nos quais as paredes emanam recordações. Neles recordamos olhares, sorrisos, palavras, enfim, cumplicidades que tornam as partilhas e os momentos únicos. Lugares como este, o meu, o nosso “Spazio”. Um lugar onde a amizade foi tantas vezes, e continua a ser, consagrada como aquilo que é – a mais bela forma de amor! Um dos meus cafés preferidos, sem dúvida alguma!


Com a alma a precisar de conforto abri a porta e entrei. O sorriso do empregado do costume e aquele “Bons olhos a vejam! Tem andado desaparecida!”, fizeram-me sorrir. É bom entrar num lugar que tanto me diz e ser assim bem recebida! Passados apenas alguns minutos fui presenteada com um novo sorriso. Um sorriso amigo, daqueles que nos enchem o peito de alegria e nos aquecem a alma de tanto que a confortam! A conversa fluiu e fez maravilhas em mim. É bom sentir o carinho daqueles que, conhecendo-nos com todos os nossos defeitos e todas as nossas qualidades, gostam verdadeiramente de nós, e aos quais temos o privilégio de chamar amigos. São eles que não nos deixam cair, que juntam os cacos do nosso coração quando ele se parte, e que nos afagam a alma.

Ao sair daquele lugar, senti o Sol de Inverno que brilhava lá fora aquecer-me o corpo! Já há algum tempo que não me sentia assim tão bem, tão mimada e tão querida!
Adoro mesmo os meus amigos!