quarta-feira, agosto 23, 2006

Porto Seguro


Atravessar a Ponte da Arrábida e ver o casario desenhar-se no horizonte. Olhar mais além e ver os Clérigos que começam a fazer-se notar. Respirar fundo e desejar que o tempo passe rápido para poder voltar a pisar as ruas da cidade, do meu Porto. Sinto a saudade invadir-me o peito e a ansiedade de chegar é mais do que muita. Quero voltar a passear naquelas ruas de que tanto gosto. Descer Sá da Bandeira a pé e chegar à Praça da Liberdade. Olhar novamente o imponente edifício da Câmara Municipal sentada confortavelmente no Black Coffe a deliciar-me com a minha italiana curtinha e amarga, como tanto gosto. Subir a rua até aos Clérigos, seguir até à Cadeia da Relação e parar em frente a ela a imaginar o amor de Camilo Castelo Branco e de Ana Plácido, que os levou ao encarceramento naquele lugar. Quero voltar a entrar no Teatro do Campo Alegre para ver uma peça de teatro. Calcorrear a Ribeira e todas as ruas que a ela vão dar, e no fim sentar-me nas esplanadas do Cubo a beber um chocolate quente a contemplar o Douro que testemunhou tantos momentos da minha vida.
Tenho saudades de voltar a respirar aquela cidade. Vontade de redescobrir aqueles lugares, tantos anos depois. Vontade de reinventar cada rua e cada recanto. Vontade de voltar a conhecer o lugar onde já fui feliz.
Tenho saudades. Muitas. Quero voltar ao meu Porto seguro. Mas ainda não é desta vez...

7 comentários:

Marta disse...

"Quem vem e atravessa o rio,
Junto à Serra do Pilar,
Vê um velho casario,
que se estende até ao mar..."

Até eu tenho saudades do Porto. A ver se agendo um fim-de-semana até à imbicta.

bisou,
M.

Maria disse...

M.- Eu também tenho, muitas. Queria poder ir já amanhã! Só nem sempre podemos fazer o que nos apetece.

Mas, olha, se fores levas-me contigo???

Beijinho grande :-)

Nilson Barcelli disse...

Olá Ana

Caí aqui por acaso e vi que tens o meu link. O que é engraçado, pois não me lembro de alguma vez teres comentado algum post.

Li o teu blog todo (que gozo que isto me dá... pois é tão pequenino ainda...).
Gostei deste teu texto sobre o Porto e a saudade que ele te desperta.
Também gostei da tua costela marinheira (soltar as amarras e zarpar) do início. Este blog é um começo ou um recomeço para ti?. Que a viagem te corra bem, com ventos de feição e mar sempre chão, contigo ao leme e rumo a portos seguros.

Beijo grande.

Maria disse...

Nilson - Obrigada pela visita! "O Lume é a chama que faltava para me aquecer! Um recomeço em jeito de grito de liberdade! Espero ver-te por aqui muitas vezes!
Beijinhos

Culpado in Contrahendo disse...

Dizem que nunca podemos regressar a casa. Há certos lugares que sabem a fim, como uma memória bem presente que nos constrange. Sabemos aí que podemos voltar ao lugar, mas nunca será o mesmo lugar. Uma despedida implícita nas imagens que passam mais depressa quando se atravessa a ponte, deixando para trás aquilo que lá fomos, é a consciência de que o tempo finalmente nos apanhou e de que nos resta o futuro.

Que possas aqui voltar por muitos anos e por muitos ao Porto e sentires-te em casa. E que esta nova casa seja mais tua que anterior e nela sejas mais do que pudeste ser na outra.

Maria disse...

Álvaro - Já o Rui Veloso canta "Nunca voltes ao lugar onde já foste feliz...". No fundo sei que o "meu" Porto é aquele, o do tempo em que lá vivi, o do tempo em que contruí parte do que sou. Teve coisas boas e más. Mas a memória tornou-se numa amiga selectiva que me permite recordar apenas o que foi bom. Com a distancia o que foi bom parece-nos magnífico e o que foi menos bom já não se mostra assim tão mau. Chama-se passado! E eu aprendi a viver com ele!

Espero, tal como tu, que esta nova casa seja mais minha do que a outra foi. É triste quando começamos a sentir-nos estranhos na nossa própria casa! Esta é minha, tua e de todos aqueles que vierem por bem, e com a alma pura!

Beijo enorme e obrigada, do fundo do coração, por seres quem és e estares aí sempre que eu preciso!

Anónimo disse...

E eu quero fazer isso tudo contigo. Abril espera por nós.