segunda-feira, janeiro 05, 2009

Porque há um momento para tudo... Porque a vida é feita de riscos... Porque sim...

"Meu Querido Bernardo,

A poucas horas de receberes a minha missiva especial, senti necessidade de te dizer algo mais.
Tenho o peito a transbordar de emoções. A ansiedade pelo momento em que irás receber a mensagem, o medo da reacção ao que ela contém, o desejo de que tudo corra bem, o sentir-me mais frágil do que o teu primo Francisco quando escorregou do sofá no dia do teu aniversário e se escondeu no meu colo porque tinha dói-dói. Já não me sentia neste turbilhão de emoções há muito tempo.
Apaixonei-me por ti sem me dar conta. Aconteceu. Não me perguntes como nem porquê. Somos completamente diferentes no feitio, na maneira de ser. Temos identidade de valores e de objectivos de vida, isso é certo. Mas somos como o dia e a noite. E ambos temos consciência disso. Só que o ano e meio que já passou desde que me apaixonei por ti fez-me ter de tomar uma decisão.
Somos amigos há muito tempo, mas o que me liga a ti vai mais além de uma amizade. E chegámos a um ponto sem retorno. Sinto-me no limbo de cada vez que estamos juntos. Não sei até quando vou conseguir continuar a fingir que apenas quero ser tua amiga, nada mais. Não, não me sinto capaz de continuar a dar-te o meu amor pintado com as cores da amizade. Sou tua amiga sim, e serei sempre enquanto tu me permitires desempenhar esse papel na tua vida. Só que já não me chega ser apenas tua amiga. Não agora. Talvez mais tarde, se a tua reacção não for a que mais desejo e quando deixar de sentir o que sinto por ti, eu consiga voltar a ser tua amiga, consiga voltar a caminhar ao teu lado sem vontade de entrelaçar os teus dedos nos meus, consiga voltar a não ter vontade de te beijar, enfim, consiga deixar de ter vontade de ser amiga para passar a ser mulher. Mas agora não sou capaz.
E foi por isso que decidi começar a agir. Porque sinto que não posso ser espectadora da minha própria vida. Porque não te quero perder sem nunca ter tentado que fosses meu. Não, meu querido, não me interpretes mal. Sabes que o meu querer não é possessivo. Conheces-me bem demais para pensar uma coisa dessas.
Este ano e meio que passou permitiu que a nossa amizade crescesse. Recordo-me das nossas primeiras conversas. As palavras sempre muito escolhidas e cuidadas, os olhares envergonhados, os toques tímidos e fugidios. Depois a distância, a aproximação, a nova distância e o agora.
Aguardo impacientemente que o meu telemóvel toque. Não sei como vais reagir quando receberes o meu “Beijo” de chocolate. Tenho receio de perder tudo num só instante. Mas sei que se perder alguma coisa será porque nunca foi verdadeiramente meu.
Enquanto o telemóvel não dá sinal, vou tentar concentrar-me no trabalho e esperar, tentando não desesperar. Sei que hoje é um dia muito importante e que vai marcar o rumo desta história, da nossa história, do que somos e do que seremos na vida um do outro. A vida encarrega-se sempre de colocar tudo no seu devido lugar. Se o te levar para longe de nós, será porque o teu lugar não era aqui, ao meu lado.
Não te esqueças que nunca me esqueço de ti!!!

Beijo,
M."

Sem comentários: