segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Partidas da vida

O tempo tem passado a uma velocidade assustadoramente lenta. Passou apenas uma semana, mas a mim parece-me que passou muito mais tempo.

Continuo à procura de respostas que, a pouco e pouco, vou percebendo que jamais irão chegar. Já não sei se é defeito ou feitio, mas sempre tive necessidade de saber os “porquês” do que me rodeava e acontecia, e desta vez não foi diferente. As questões continuam todas por responder, mas sinto que os “porquês” ficarão sem resposta.

À distância da semana que passou, as saudades apertam e a certeza de que não vale a pena esperar que alguma coisa se altere começa a ficar cada vez mais sólida. Não posso, nem quero, dizer que já não gosto, que já não quero, porque isso seria mentir a mim mesma e a todos aqueles que não me deixaram cair. E mentir não vou. Ainda gosto, e ainda quero, mas sei que não vale a pena e que o tempo vai encarregar-se de colocar tudo no seu devido lugar e que, um dia, a tristeza e o vazio vão desaparecer. Talvez um dia, quando já não gostar, quando tiver deixado de querer, seja capaz de analisar com a racionalidade e a frieza devidas tudo aquilo que aconteceu.

Foi tudo muito intenso e precipitado. Assustei-me e tive medo, mas fui de peito aberto aceitando o presente que a vida me estava a dar. Confiei e hoje percebo que jamais o deveria ter feito. Não me arrependo de ter vivido nada do que vivi. Apenas percebo que o deveria ter feito de um modo mais cauteloso e desconfiado. Mas não, resolvi queimar os últimos cartuchos de confiança que me restavam. Teimosa, como sempre, acreditei que podia resultar e não percebi os sinais logo no primeiro impacto. Voltei a tentar, na certeza de que o susto inicial havia passado e que ambos tínhamos aprendido com isso. Mais uma vez errei. Mas a vida é mesmo assim, feita de erros e de aprendizagens. Só que, por vezes, essas aprendizagens são muito dolorosas e vêm em alturas demasiado impróprias, como foi desta vez. E o receio de que os estragos sejam manifestamente substanciais aumentou, assustadoramente, desde sábado.

Tenho pensado muito, especialmente nos últimos dois dias, nas conversas que se seguiram a tudo o que aconteceu. Há palavras que uma vez ditas jamais poderão ser apagadas da memória de quem as ouviu, e há atitudes que uma vez tomadas ferem e deixam marcas. Já não sei se tudo aconteceu por falta de coragem ou por simples descaso. Uma vez disse-me que sempre tinha feito o que lhe dava na cabeça, sem se importar com o que os outros poderiam dizer ou pensar. Recordo-me de ter respondido que a distância entre fazer aquilo que lhe dava na cabeça dessa forma e o descaso era muito ténue, e que isso, por vezes, poderia magoar os outros. Fui tonta em acreditar que no que dizia respeito a nós não iria ser assim.

Poderia elencar todos os meus erros ao longo do tempo em que nos conhecemos e estivemos juntos. Mas é desnecessário, porque todos eles decorreram de um único erro, que a não ter acontecido não teria originado nenhum dos outros. Talvez tudo isto me sirva mesmo de lição...

2 comentários:

Unknown disse...

Nas tuas palavras de desilusão, uma coisa é certa...o tempo colocará tudo de novo no seu lugar. No teu caso, parece-me que isso sejá fácil de acontecer. Não só por seres o exemplo de força que és, mas também porque... o cheiro dele não emana das tuas paredes...não acordas a meio da noite à procura dele a teu lado...nem existem recordações dele que ocupem 365dias do ano...podia ter sido sempre pior.
beijinhos

Anónimo disse...

É bom aprender com os erros, mas confiar não é um erro...