terça-feira, fevereiro 27, 2007

"Quebramos os Dois"

A música toca incessantemente enquanto escrevo. Não há palavras mais acertadas para significar tudo isto, do que as desta música.
Estou cansada. Cansada de estar triste. Cansada de chorar. Cansada de me sentir assim por causa de alguém que não soube, não pôde, ou, simplesmente, não quis, verdadeiramente, gostar de mim. É com esta música que escrevo as últimas palavras sobre ele, e para ele, neste espaço.

“Quebramos os Dois”

“Era eu a convencer-te de que gostas de mim,
Tu a convenceres-te de que não é bem assim.
Era eu a mostrar-te o meu lado mais puro,
Tu a argumentares os teus inevitáveis.

Eras tu a dançares em pleno dia,
E eu encostado como quem não vê.
Eras tu a falar p'ra esconder a saudade,
E eu a esconder-me do que não se dizia.

Afinal...
Quebramos os dois afinal.
Quebramos os dois...

Desviando os olhos por sentir a verdade,
Juravas a certeza da mentira,
Mas sem queimar de mais,
Sem querer extinguir o que já se sabia.

Eu fugia do toque como do cheiro,
Por saber que era o fim da roupa vestida,
Que inventara no meio do escuro onde estava,
Por ver o desespero na cor que trazias.

Afinal...
Quebramos os dois afinal,
Quebramos os dois afinal,
Quebramos os dois afinal,
Quebramos os dois...

Era eu a despir-te do que era pequeno,
Tu a puxares-me para um lado mais perto,
Onde se contam histórias que nos atam,
Ao silêncio dos lábios que nos mata.

Eras tu a ficar por não saberes partir,
E eu a rezar para que desaparecesses,
Era eu a rezar para que ficasses,
Tu a ficares enquanto saías.

Não nos tocamos enquanto saías,
Não nos tocamos enquanto saímos,
Não nos tocamos e vamos fugindo,
Porque quebramos como crianças.

Afinal...

Quebramos os dois afinal,
Quebramos os dois afinal,
Quebramos os dois...

É quase pecado que se deixa.
Quase pecado que se ignora.”

(Toranja)

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Partidas da vida

O tempo tem passado a uma velocidade assustadoramente lenta. Passou apenas uma semana, mas a mim parece-me que passou muito mais tempo.

Continuo à procura de respostas que, a pouco e pouco, vou percebendo que jamais irão chegar. Já não sei se é defeito ou feitio, mas sempre tive necessidade de saber os “porquês” do que me rodeava e acontecia, e desta vez não foi diferente. As questões continuam todas por responder, mas sinto que os “porquês” ficarão sem resposta.

À distância da semana que passou, as saudades apertam e a certeza de que não vale a pena esperar que alguma coisa se altere começa a ficar cada vez mais sólida. Não posso, nem quero, dizer que já não gosto, que já não quero, porque isso seria mentir a mim mesma e a todos aqueles que não me deixaram cair. E mentir não vou. Ainda gosto, e ainda quero, mas sei que não vale a pena e que o tempo vai encarregar-se de colocar tudo no seu devido lugar e que, um dia, a tristeza e o vazio vão desaparecer. Talvez um dia, quando já não gostar, quando tiver deixado de querer, seja capaz de analisar com a racionalidade e a frieza devidas tudo aquilo que aconteceu.

Foi tudo muito intenso e precipitado. Assustei-me e tive medo, mas fui de peito aberto aceitando o presente que a vida me estava a dar. Confiei e hoje percebo que jamais o deveria ter feito. Não me arrependo de ter vivido nada do que vivi. Apenas percebo que o deveria ter feito de um modo mais cauteloso e desconfiado. Mas não, resolvi queimar os últimos cartuchos de confiança que me restavam. Teimosa, como sempre, acreditei que podia resultar e não percebi os sinais logo no primeiro impacto. Voltei a tentar, na certeza de que o susto inicial havia passado e que ambos tínhamos aprendido com isso. Mais uma vez errei. Mas a vida é mesmo assim, feita de erros e de aprendizagens. Só que, por vezes, essas aprendizagens são muito dolorosas e vêm em alturas demasiado impróprias, como foi desta vez. E o receio de que os estragos sejam manifestamente substanciais aumentou, assustadoramente, desde sábado.

Tenho pensado muito, especialmente nos últimos dois dias, nas conversas que se seguiram a tudo o que aconteceu. Há palavras que uma vez ditas jamais poderão ser apagadas da memória de quem as ouviu, e há atitudes que uma vez tomadas ferem e deixam marcas. Já não sei se tudo aconteceu por falta de coragem ou por simples descaso. Uma vez disse-me que sempre tinha feito o que lhe dava na cabeça, sem se importar com o que os outros poderiam dizer ou pensar. Recordo-me de ter respondido que a distância entre fazer aquilo que lhe dava na cabeça dessa forma e o descaso era muito ténue, e que isso, por vezes, poderia magoar os outros. Fui tonta em acreditar que no que dizia respeito a nós não iria ser assim.

Poderia elencar todos os meus erros ao longo do tempo em que nos conhecemos e estivemos juntos. Mas é desnecessário, porque todos eles decorreram de um único erro, que a não ter acontecido não teria originado nenhum dos outros. Talvez tudo isto me sirva mesmo de lição...

domingo, fevereiro 18, 2007

Gostava de entender o porquê de tudo isto. Gostava de perceber porque é que as coisas aconteceram desta maneira, sem que houvesse qualquer hipótese de controlar o que quer que fosse.

As razões são válidas, mas infundadas, porque os medos são comuns. Como é que eu poderia querer que alguém abdicasse do que eu não estou disposta a abdicar? Como é que eu poderia pedir mais do que posso dar?

Ainda assim, dói. Dói muito. Dói por dentro. E não raras são as vezes em que as lágrimas são impossíveis de controlar. Como se chorar fosse fazer sair de mim a dor e a tristeza que, neste momento, me dominam. E então choro. Deixo que as lágrimas se acabem naquele momento. Porque estou triste e não há maneira de exorcizar aquilo que sinto.

Porque me apaixonei sem perceber como nem porquê. Porque acreditei no que me foi dado, sem que nunca tivesse sido verdadeiramente meu. Porque acreditei que, apesar das semelhanças, poderíamos ter sido felizes juntos. Porque nunca pensei que alguém que me fez tanto bem e me fez sentir tão feliz pudesse fazer-me tanto mal e deixar-me tão triste e magoada.

Acreditei, e estupidamente ainda acredito, que valíamos a pena. Acreditei quando me foi dito que a crença era comum. Acreditei quando ouvi dizer “Gosto de ti”. Acreditei porque sentia o mesmo e já o tinha dito sem qualquer receio. A diferença é que eu ainda gosto, e não sei como fazer para deixar de gostar.

Sei que um dia a dor vai passar. Só tenho medo de no fim, quando conseguir deixar de gostar, estar ainda mais dura, mais fria e mais fechada dentro das minhas muralhas, do que estava quando este alguém chegou e me pediu que me deixasse ir, sem medos.

Neste momento gostava de acreditar naquilo que diz a música dos The Gift “...um dia voltarei a ser feliz...”, mas não sou capaz... Agora não...

Para evitar a tristeza...

...hoje vi o “Scoop”... Aconselho vivamente a quem, como eu, precisa de se rir e de se animar um pouco...
Dia 3 de Março será dia de “Macbeth”, no Teatro da Trindade...